domingo, 24 de agosto de 2008
FIM DAS OLIMPÍADAS
Pequim encerra seus Jogos Olímpicos em festa com clima de dever cumprido
Sem o tom nacionalista da abertura, cerimônia apostou em espírito universal, já apontando para os Jogos da cosmopolita Londres
E novamente o estádio Ninho do Pássaro se encheu com cerca de 91 mil pessoas. Desta vez, para encerrar a 29ª edição dos Jogos Olímpicos, apontados por jornalistas do "The New York Times" como os mais bem organizados de todos os tempos (opinião da qual Fabiana Murer, decerto, discorda).
O começo teve elementos semelhantes aos vistos na abertura: contagem regressiva feita com fogos de artifício (ou efeitos de luz, provavelmente), a multidão cantando o hino chinês junto com o presidente Hu Jintao, a tradicional percussão fou sendo tocada por crianças, mulheres e homens. Desta vez, porém, o baticum foi amplificado por dois tambores gigantes...
Depois, mais uma especialidade chinesa: a onda humana no centro do gramado, formigueiro de figurantes milimetricamente coreografado formando um circuito para rodas de luz. E a China, que durante o maoísmo foi o país das bicicletas, revisitou seu passado recente numa bela imagem em azul e vermelho.
O presidente do Comitê Organizador de Pequim 2008, Liu Qi, comemorou os 38 recordes mundiais quebrados e mencionou o legado deixado, tanto esportivo quanto cultural, lembrando os slogans bem ao gosto marketeiro do regime chinês: Olimpíadas verdes, Olimpíadas high-tech e Olimpíadas do Povo.
- Durante os jogos, o mundo esteve unido como uma família olímpica. Foi uma grande celebração do esporte, uma grande celebração da paz e uma grande celebração da amizade - discursou Qi.
No desfile de atletas, a mistura de nações e continentes já marcou a transição de Pequim, da milenar civilização tradicionalmente fechada, à cosmopolita Londres, palcos dos Jogos Olímpicos de 2012. Chineses, bielorussos, espanhóis, jamaicanos, americanos e quenianos, gente de 204 países festejou junta com alegria contagiante - que pode ser creditada tanto ao fim dos Jogos como pela proximidade da volta para casa e o reencontro com suas famílias..
Maurren Maggi, a porta-bandeira brasileira, foi a 39ª atleta a aparecer, mas não foi muito destacada pelas câmeras da transmissão internacional. O levantador Marcelinho, emocionado, apareceu beijando sua medalha de prata, já recuperado das lágrimas vertidas após a derrota na final para os EUA.
Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional, entregou as medalhas para os maratonistas, honra que a prova olímpica mais nobre reserva aos seus heróis: ouro para Samuel Wansiru, do Quênia; prata para Jaouad Gharib, do Marrocos; e bronze para Tsegay Kebede, da Etiópia. E o hino do Quênia ecoou no Ninho de Pássaro.
Depois da homenagem aos voluntários que trabalharam na organização, um outro hino foi executado: o grego, por tradição olímpica. Como a Grécia não ganhou nenhuma medalha de ouro em Pequim, foi a primeira vez que a melodia foi ouvida nesta edição dos Jogos. Ainda seria escutado na festa outro hino, o britânico: "God Save The Queen", logo após a extinção da chama olímpica.
Um espetacular ônibus de dois andares, tipicamente londrino, fez a transição para a próxima aventura na epopéia olímpica moderna. Ele foi se transformando numa representação da Torre de Londres, de onde, espetada em um micropalco feito destaque de escola de samba, despontou a cantora Leona Lewis (vencedora da versão inglesa do reality show de calouros “American Idol”). Acompanhada pelo legendário guitarrista do Jimmy Page, do Led Zeppelin, ela interpretou uma versão surpreendentemente boa de
“Wholelotta Love”, clássico da banda inglesa. Page fez todas as caretas costumeiras ao solar, em playback, e empolgou o estádio. David Beckham, entrando mudo e saindo calado, também causou comoção. Bastou chutar uma bola e dar simbolicamente o pontapé inicial dos Jogos de Londres.
Ainda haveria um número musical pop estrelado por cantores chineses e coreanos, com o refrão "Beijing, Beijing, I love you", e um duo entre o tenor espanhol Plácido Domingo e a soprano chinesa Song Zuying.
Perto do fim, foi erigida no centro do palco uma belíssima Torre da Memória. Alguns cariocas enxergaram semelhanças entre a estrutura e o carro do DNA usado pelo carnavalesco Paulo Barros, da Unidos da Tijuca, em 2004. Se não foi tão "inesquecível" quanto a abertura, o fim dos Jogos de Pequim teve a vantagem da duração bem mais curta ("apenas" duas horas) e o mérito de apontar para outras belezas. Entre elas, a beleza da diversidade.
sábado, 23 de agosto de 2008
Pelé encontra Li Hao, o menino de 9 anos que virou herói na China
Criança ajudou a salvar colegas durante terremoto em Sichuan
Pelé encontrou neste sábado, em Pequim, o menino Li Hao: com apenas 9 anos, a criança virou herói na China ao ajudar a salvar colegas de escola durante o terremoto em Sichuan há dois meses(foto 2)
Li Hao exibe com orgulhoso a camisa do Brasil autografada por Pelé. O menino participou da cerimônia de abertura das Olimpíadas ao lado de Yao Ming, estrela do basquete, na frente da delegação chinesa(foto 1)
No taekwondo, cubano agride juiz e é afastado das competições internacionais
Angel Valodia Matos não aceita desclassificação, briga ao fim da disputa da medalha de bronze contra casaque e é punido junto com seu técnico
Com o protetor de cabeça na mão, o cubano Angel Valodia Matos girou o corpo, apoiou a perna direita no chão e, num belo golpe, lançou o pé esquerdo na cabeça do... juiz. Resultado: ele e seu técnico foram excluídos defintivamente de todas as competições internacionais. A punição foi anunciada com rapidez pela Federação Mundial de Taekwondo (WTF), neste sábado.
A cena inesperada no fim da luta ilustra o desespero de Matos ao fim da disputa do bronze contra Arman Chilmanov, do Cazaquistão, na categoria acima de 80kg do taekwondo. Após ser desclassificado quando vencia o combate por 3 a 2, o cubano não aceitou a decisão e começou a gritar ofensas ao árbitro central, Chakil Chelbat, da Suécia. Descontrolado, desferiu o chute na cabeça e, não satisfeito, ainda deu um soco no peito de um dos juízes laterais, que tentava contê-lo.
A confusão começou quando Matos sentiu uma lesão no pé. Faltavam sete segundos para o fim da luta, e ele estava à frente do placar. Pelas regras do taekwondo, o atleta tem um minuto para ser atendido antes de ser desclassificado. Mas o árbitro central deveria dar um sinal avisando que o tempo estava se esgotando. Sem o aviso, o sinal de um minuto soou e o cubano foi automaticamente desclassificado. Perdeu a medalha de bronze e se descontrolou.
Ao fim do tumulto, Arman Chilmanov foi decretado o vencedor da luta e ficou com o bronze, com a outra medalha de bronze indo para o nigeriano Chika Yagazie Chukwumerije. O ouro da categoria foi para o coreano Dongmin Cha, que derrotou na final o grego Alexandros Nikolaidis. Ouro em Sydney-2000 e campeão dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, Matos encerrou melancolicamente sua história olímpica.
Natália Falavigna conquista medalha inédita para o taekwondo brasileiro
Após quarto lugar em Atenas, paranaense melhora uma posição em Pequim
Uma vitória da emoção, da técnica e da vontade de ganhar. Após bater na trave nos Jogos de Atenas, Natália Falavigna conquistou neste sábado a primeira medalha olímpica para o taekwondo brasileiro. Na disputa pelo bronze, Natália derrotou a sueca Karolina Kedzierska por 5 a 2, na categoria acima de 67kg. A outra medalha de bronze foi para a britânica Sarah Stevenson, que passou pela egípcia Noha Abd Rabo por 5 a 1. Algoz de Natália na decisão dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, a mexicana Maria del Rosario Espinoza ficou com o ouro, ao derrotar a norueguesa Nina Solheim por 3 a 1.
Coincidentemente, o ginásio de Ciência e Tecnologia foi o mesmo que recebeu o judô e que teve Ketleyn Quadros ganhando a primeira medalha de uma brasileira em esportes individuais na história dos Jogos. Muito emocionada, Natália começou a chorar logo após o fim de luta e olhava para o céu, agradecendo a medalha sonhada. Em seguida, a paranaense foi até seu técnico para abraçá-lo e depois voltar ao tatame, desta vez com uma bandeira do Brasil. Extravasando a tensão, Natália batia no peito, dizendo: "é meu". Do lado de fora, o treinador Fernando Madureira ajoelhava, agradecendo a conquista que ficou muito próxima em Atenas, quando Natália terminou
No ataque para pegar a medalha
E a medalha de bronze começou a ir para o pescoço de Natália Falavigna logo no início da luta. Ao contrário da semifinal, quando pouco atacou, a lutadora de 24 anos voltou ao tatame com uma postura muito mais ofensiva. E como nas primeiras lutas, a brasileira saiu na frente, abrindo 2 a 0 no início do primeiro round. Movimentado-se com desenvoltura e chutando bem, Natália manteve a vantagem até o intervalo.
Enquanto falava com o técnico Fernando Madureira, Natália mostrava o olhar determinado de quem não deixaria se repetir o drama de Atenas. E a determinação do olhar se transformava em vontade no tatame, com a brasileira partindo para cima logo na volta do segundo round. Controlando as ações, Natália não deixava sua adversária lutar e ia para cima, conseguindo mais uma boa parcial, fazendo 2 a 1 e somando 4 a 1 no placar geral.
Com uma boa vantagem, a brasileira tratou de controlar o ritmo do confronto e mudou a estratégia, usando o contra-ataque como maior arma. A boa movimentação de Natália dificultava as ações da sueca e, do lado de fora do tatame, o técnico Fernando Madureira pedia calma para a brasileira. Natália precisava fazer passarem os dois minutos de round e foi o que fez, conseguindo ainda mais um ponto, contra outro de Karolina, para sair vibrando, e chorando, com mais uma conquista inédita para o esporte brasileiro.
Meninas do vôlei conquistam o ouro inédito
Seleção brasileira mantém a cabeça no lugar, vence as americanas e chega ao topo do mundo com uma vitória redentora nos Jogos de Pequim
A cena é recorrente.
Vitórias importantes no vôlei costumam espalhar jogadoras em volta das câmeras de TV. Encher o pulmão e deixar explodir a alegria de um ouro olímpico, contudo, não é tarefa para qualquer seleção. Neste sábado, as meninas do Brasil aprenderam o que isso significa.
Pelo chão da quadra em Pequim, as jogadoras se misturavam em choro, sorrisos, gritos e desabafos. José Roberto Guimarães, único técnico a conquistar o ouro no masculino e no feminino, ajoelhou-se e agradeceu. Os abraços exorcizavam mais de uma década de angústia.
Com a vitória por 3 a 1 sobre os Estados Unidos (25/15, 18/25, 25/13 e 25/21), o ouro, enfim, pertence à seleção brasileira. Pouco importa que o time perdeu um set pela primeira vez nos Jogos, porque agora existe algo muito maior a celebrar.
A festa tomou formas diversas. Antes de ser lançada para o alto pelas companheiras, a levantadora Fofão se derramou em lágrimas no ombro do técnico. Fabi e Mari, com o grito contido na garganta, pediram silêncio aos críticos. Enroladas em bandeiras verde-amarelas, as campeãs olímpicas vibravam, às vezes sem rumo, até encontrarem alguém para abraçar.
O início tenso
O último passo no caminho, claro, não foi fácil. Para uma seleção que nunca tinha chegado tão perto do ouro olímpico, o início da partida colocou no rosto das brasileiras uma expressão de ansiedade. Nervoso, o time permitiu que as americanas largassem na frente. Com a experiência de quem sentiu o gosto do ouro em Barcelona-1992, no masculino, Zé Roberto pedia calma. Aos poucos, o saque de Paula Pequeno e os ataques de Mari desmontaram o sistema tático do outro lado da rede. Uma das melhores em quadra, Sheilla gritava:
- Vamos, vamos!
As outras cinco obedeceram. Sem perder o ritmo, a equipe manteve a vantagem acima dos cinco pontos, mas ainda havia um fundamento sumido: o bloqueio. A muralha que tinha parado a Itália, enfim, apareceu neste sábado com Fabiana e Walewska. Azar de Logan Tom, que vinha virando todas as bolas. Comandadas por uma vibrante Fofão, as meninas chegaram ao set point. No saque, Paula fechou em 25 a 15.
O primeiro - e único - tombo
Na segunda parcial, as americanas escolheram Mari como vítima. Sacar nela era a tática para tirá-la do ataque. Logo ela, a aniversariante do dia. O pior é que deu certo. As bombas dos EUA destruíram o passe brasileiro, e nem o tempo pedido por Zé Roberto conseguiu consertar o estrago. A solução foi sacrificar Mari e colocar Jaqueline para equilibrar a recepção, mas já era tarde. Após atravessar 22 sets em Pequim sem tomar conhecimento das adversárias, o Brasil levou o primeiro tombo: 25 a 18.
Para um grupo que se acostumou a sofrer com decepções em momentos decisivos, o momento era tenso. A torcida no Ginásio da Capital apoiava o Brasil, mas àquela altura era difícil prever como o time ia reagir ao primeiro tropeço de uma campanha até então perfeita.
Recuperação rápida
Veio o terceiro set, e a seleção percebeu que, apesar da parcial perdida, a medalha ainda estava em jogo. Zé Roberto não parava de orientar as atletas um minuto sequer. E a resposta veio em grande estilo. Sheilla continuava impecável no ataque de fundo e nas largadas. Mari, agora com 25 anos, mostrou maturidade. Passou longe da jogadora de quatro anos atrás, jovem e insegura. Como ela mesma costuma dizer, o passado já foi embora.
A empolgação do Brasil era tamanha no terceiro set que Paula chegou a ser repreendida pelo juiz durante uma comemoração. Com Valeskinha em quadra, a seleção espantou o trauma: 25 a 13.
Antes do quarto set, as brasileiras se reuniram no canto da quadra. Era a hora do esforço final pelo ouro. De cara feia, como se fosse possível, Paula Pequeno decretou:
- É agora!
E foi.
Enfim, a redenção
Fofão vivia o jogo da vida, já que vai se despedir da seleção após os Jogos. Ainda assim, a levantadora manteve a calma e passou tranqüilidade às companheiras. O semblante sereno contrastava com a cara de raiva de Paula Pequeno. O set foi difícil, ao contrário dos anteriores. As americanas ficaram boa parte do tempo à frente, mas o Brasil chutou para fora da quadra o tal bloqueio psicológico. Amarelo, só o do ouro. Que veio justamente no ataque para fora da melhor jogadora americana, Logan Tom.
O 25 a 21 fez com que as atletas partissem enlouquecidas para a comemoração, deixando explodir uma festa que estava contida há mais de uma década. Agora, sim, dá para mirar a câmera, encher o peito e gritar: o vôlei feminino do Brasil é campeão olímpico.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Márcio e Fábio sentem nervosismo diante de americanos e deixam ouro escapar
Dupla joga bem, mas é derrotada por Rogers e Dalhausser no tie-break
As areias de Pequim realmente não trouxeram muita sorte para o Brasil. Em uma final emocionante e equilibrada contra Rogers e Dalhausser, Márcio e Fábio Luiz estiveram perto de superar os adversários, mas a frieza dos americanos acabou fazendo a diferença no final. Depois de vencer o segundo set e empatar a partida, os brasileiros sofreram com os bloqueios de Dalhausser, sentiram a pressão e acabaram ficando com a prata. Festa dos EUA, com parciais de 23/21, 17/21 e 15/4, em 1h06m de jogo.
No entanto, a medalha de prata é motivo de comemoração para os brasileiros, que chegaram a Pequim desacreditados e derrotaram os favoritos, Ricardo e Emanuel, nas semifinais. Os campeões olímpicos de 2004 ficaram com a medalha de bronze ao derrotarem Geor e Gia (os brasileiros naturalizados Renatão e Jorge, que defendem a Geórgia), e garantiram dois lugares para o Brasil no pódio olímpico.
Brasucas começam bem, mas entregam vitória no primeiro set
Os brasileiros começaram a mil por hora. Márcio forçou o saque e Fábio Luiz se impôs na rede, assustando os americanos. Após um primeiro ponto disputado, a dupla verde-amarela surpreendeu os rivais e abriu 9 a 3. No entanto, após ser bloqueado várias vezes, o grandalhão Dalhausser, de 2,06m, encontrou formas de vencer o duelo com Fábio, conhecido como a “Muralha”, e a parceria dos EUA marcou quatro pontos seguidos, empatando em 10 a 10.
A partir daí, equilíbrio total em quadra. Muito incisivo no ataque, Fábio Luiz soltava o braço e empurrava o Brasil. Porém, acabou desperdiçando boas oportunidades de voltar a abrir distância no marcador ao tocar duas vezes na rede. No momento decisivo, a frieza dos americanos fez a diferença. Rogers mandou uma bomba e os adversários passaram à frente pela primeira vez: 18 a 17. Os brasileiros correram atrás do resultado, mas o estreante em Olimpíadas Fábio Luiz entregou a vitória de bandeja ao mandar uma bola na rede e Rogers e Dalhausser fecharam em 23 a 21.
Márcio comanda reação brasileira
A dupla brasuca não se abateu e voltou a sair na frente na segunda parcial. Era hora da reação. Mas quem conseguiu se impor foram os americanos, que empataram a partida em 5 a 5. Sacando em cima de Fábio, Rogers e Dalhausser conseguiram desarmar o brasileiro na rede para passar à frente em 11 a 9.
Márcio e Fábio pediram tempo e a situação ficou dramática. A dupla dos EUA se sentia cada vez mais à vontade na partida, virando todas as bolas. Foi a vez de Márcio fazer a diferença. O cearense foi para saque e o Brasil, que perdia por 10 a 13, voltou a ficar na frente (14 a 13). Fábio Luiz ganhou confiança, e finalmente a “Muralha” acordou, bloqueando Rogers para fazer 17 a 15. Com um saque na rede de Dalhausser, a dupla venceu 21 a 17. Os brasileiros seguiam vivos na briga pelo ouro.
Dupla sente nervosismo e Dalhausser fecha a rede
No tie-break a sorte deu uma “forcinha” aos americanos, que abriram 2 a 0 com duas bolas na fita. Após grande defesa de Márcio, os brasileiros atacaram na rede e vantagem aumentou para 4 a 1. O cearense se desconcentrou e foi punido por condução (5 a 1). A dupla dos EUA forçou o saque e o nervosismo bateu do lado verde-amarelo: 6 a 1 para os adversários. Dalhaousser fechou a rede, e Fábio Luiz não conseguia tirar os americanos do saque. Foram cinco bolas que pararam no "paredão". Os brasileiros finalmente conseguiram marcar novamente em 9 a 2, mas a desvantagem já era grande demais. Com mais um bloqueio de Dalhaousser, a dupla fez 15 a 4 e acabou com o sonho dourado dos brasileiros.
Seleção de Dunga bate Bélgica e se despede da China com o bronze
Com 3 a 0, Brasil chega à quarta medalha do futebol masculino em Jogos
A seleção brasileira juntou os cacos após a goleada sofrida para a Argentina e se despediu das Olimpíadas de 2008 com a medalha de bronze no futebol masculino. Nesta sexta-feira, o time de Dunga venceu a Bélgica por 3 a 0, em Xangai, e terminou o torneio em terceiro lugar.
Os gols de Diego e Jô (dois) garantiram a quarta medalha do Brasil no futebol masculino. Em 1984 e 1988, a equipe pentacampeã mundial ficou com a prata. Em 1996, o time também foi bronze. O futebol tem outras duas premiações em Jogos, mas com as mulheres: prata em 2004 e 2008.
A final das Olimpíadas entre Argentina e Nigéria será no sábado, à 1h (de Brasília), no estádio Ninho do Pássaro. Na semifinal, os hermanos venceram os brasileiros por 3 a 0 e acabaram com o sonho do Brasil em conquistar seu primeiro ouro olímpico no futebol. Os argentinos, campeões em 2004, tentam o bi.
A cerimônia de entrega das medalhas será após a decisão. Ao contrário de 1996, quando se recusou a subir no pódio, a CBF reserva espaço na programação para a presença da seleção no estádio para receber o bronze. A equipe deve chegar ao Brasil no domingo.
Muito criticado pela derrota para o maior rival na China, o técnico Dunga terá dois testes decisivos para sua permanência na seleção em setembro, pelas eliminatórias. No dia 7, a seleção principal enfrenta o Chile, fora de casa. Três dias depois, o treinador terá seu primeiro encontro com a torcida brasileira após a perda do ouro olímpico: no Rio, o Brasil recebe a Bolívia no estádio Olímpico João Havelange (Engenhão).
A situação da equipe nas eliminatórias não é confortável. Com apenas nove pontos em seis partidas, a seleção está na quinta colocação, atrás de Paraguai (13), Argentina (11), Colômbia e Chile (10).
Os quatro primeiros se classificam diretamente para a Copa do Mundo na África do Sul em 2010. O quinto lugar terá que disputar uma repescagem contra o quarto colocado nas eliminatórias da Concacaf.
Em Xangai, Dunga escalou Jô no ataque ao lado de Ronaldinho, deixando Rafael Sobis e Alexandre Pato no banco. Os dois primeiros gols do Brasil saíram em jogadas pela direita do ataque, no primeiro tempo. Primeiro, aos 27, Jô deixou com Rafinha, que cruzou para Diego pegar de primeira, entre dois zagueiros, e acertar o canto do goleiro Bailly: 1 a 0. Aos 45, foi a vez de Ronaldinho achar Ramires entre a defesa. O cruzeirense bateu cruzado, e o goleiro pegou. No rebote, Jô, de cabeça, fez 2 a 0 para o Brasil.
Na etapa final, o Brasil pouco atacou, segurou o resultado e conseguiu o terceiro aos 47, em uma arrancada de Jô do meio-campo.
Maurren Maggi voa e garante a segunda medalha de ouro do Brasil por 1cm
Com vitória no salto em distância, brasileira se torna a primeira mulher do país a subir ao lugar mais alto do pódio em esportes individuais
Maurren Maggi até resistiu. Os primeiros versos, ela cantarolou com o sorriso abertíssimo. Passou pelas "margens plácidas", pelo "brado retumbante", pelo “desafia a própria morte” mas, na “terra adorada”, desmanchou. Pôs a mão no rosto. As lágrimas desceram, invencíveis, centímetro por centímetro. Como se descesse junto a imensa ficha... o título olímpico, a vitória eterna, a medalha de ouro. Um centímetro tinha mudado sua vida.
Aqueles trinta segundos de hino nacional condensado ecoavam Brasil afora. Maurren Maggi, suspensa por doping; Maurren Maggi, dois anos distante do esporte; Maurren Maggi, sete metros e quatro centímetros no primeiro salto. Foi uma volta por cima, ou um vôo por cima. Que desagradou a uma brasileira:
- Mamãe, eu queria a de prata - disse a pequena Sophia, de três anos, do outro lado do planeta, para deleite de um país.
Sophia, filha de Maurren, tinha dito antes da viagem que não queria medalha nenhuma. Estava chateada com a viagem da mãe. Maurren prometeu uma medalha. E foi buscá-la. E foi cedo. Chegou sem maquiagem, com um simples coque. A principal adversária, a russa Tatiana Lebedeva, exibia um penteado entre exótico e ousado. Outras tinham piercings no umbigo. Lebedeva pulou primeiro, voando para 6,97m. Maurren precisava responder.
E lá foi ela. Respirou. Deu um adeus breve para as câmeras. Bateu nas coxas, gritou, deu um soco no ar. Fez o sinal da cruz. Falou para si mesma:
- Vamos lá, vai.
E correu. Foram 22 largos passos até o salto. De pernas estendidas, Maurren levantou vôo no Ninho do Pássaro. E pousou longe: 7,04m.
Um imenso centímetro de ouro
Depois do pouso, esperou. Faltavam cinco saltos para cada adversária. Oito mulheres em busca da distância. Lebedeva tentou. Queimou. E queimou. Quatro saltadoras foram eliminadas - a brasileira Keila Costa entre elas. Apenas oito teriam direito a mais três saltos. A nigeriana Blessing Okagbare chegou a 6,91m, a melhor marca de sua carreira, e ficou com o bronze. Maurren queimou todos os saltos até que, no quinto, foi econômica: 6,76m. A prata estava garantida - mas ainda havia Lebedeva. A russa tinha uma última chance.
Lebedeva, campeã olímpica em Atenas, correu. E saltou. E voou. Aterrissou perto da marca dos sete metros, criando suspense. E veio o resultado: 7,03m - um imenso centímetro a menos que Maurren. Um imenso centímetro de ouro. Maurren abriu os braços e o sorriso. Correu para abraçar seu técnico Nélio Machado, cercado de atletas brasileiros.
O primeiro ouro de uma mulher em esporte individual. A primeira medalha de ouro brasileira no atletismo desde 1984 (Joaquim Cruz nos 800m). Cinco anos após viver o drama da suspensão por doping e chegar a abandonar a carreira... Maureen Maggi chegou ao Olimpo.
- Quando saltei... queria que a prova acabasse ali. Não caiu a ficha ainda... quero ouvir o hino nacional.
Lembrou da filha:
- É pela Sophia que eu estou aqui. Tenho certeza de que Deus fez um caminho diferente, mas para dar tudo certo. E a minha preciosidade está em casa para me acompanhar nisso - disse Maurren, em entrevista à TV Globo.
Sophia, a pequena que queria prata, conversou com a mãe pelo link da TV no estádio:
- Oi, filha. Eu te amo muito. Mamãe está com saudade - disse emocionada e, logo depois, ouviu Sophia responder que também a ama "bastante".
O pai, William, gemeu emocionado:
- Filha, que salto...
- Você viu, pai, que lindo...
Momentos antes da entrevista, Maurren tinha colhido uma bandeira do Brasil. E uma bandeirinha chinesa. Abriu o pendão brasileiro sobre a cabeça - guardou a chinesa na mão direita - e partiu para sua volta olímpica. Para sua volta olímpica por cima. Maurren Higa Maggi, medalha de ouro. Medalha de ouro para Sofia. Medalha de ouro para o Brasil
Keila fica na décima-primeira posição
Keila Costa, que tentava beliscar um lugar no pódio, acabou parando na metade da prova, quando há o corte das quatro piores marcas. Como queimou as duas primeiras tentativas, a brasileira só teve um salto computado: 6,43m. Ela terminou a competição em 11º lugar entre as 12 classificadas para a final.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
chinês faz feio em casa
GLOBO ESPORTE:Como em Atenas, Brasil prepara arrancada final por medalhas
Por causa dos esportes coletivos, brasileiros sobem ao pódio com mais freqüência nos últimos dias de competição olímpica
Se o quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos fosse uma maratona e a delegação brasileira estivesse representada por um atleta, o país passaria boa parte da disputa no pelotão intermediário, entre a 30ª e a 40ª posições. Nos quilômetros finais, porém, o Brasil daria uma arrancada final que o elevaria até os 20 primeiros colocados.
A analogia serve para mostrar que o momento de melhor desempenho do Brasil se concentra nos dias finais das Olimpíadas. Foi assim em Atenas-2004 e se encaminha para ser da mesma maneira em Pequim. Por isso, apesar de restarem apenas três dias para o fim dos Jogos, ainda é cedo para dizer que a participação verde-amarela na China foi um fiasco.
A explicação é simples: as maiores chances de medalha do país estão nos esportes coletivos, cujas finais são concentradas nos últimos dias de disputa. Enquanto as primeiras medalhas eram conquistadas no judô, vela e natação, as equipes de futebol, vôlei e vôlei de praia avançavam rumo à disputa por lugares no pódio.
Neste último dia de competições, perdemos a primeira oportunidade de subir ao pódio com Renata e Talita na decisão pelo bronze do vôlei de praia. No futebol feminino, a doída derrota para os Estados Unidos nos tirou um ouro. Chegamos ao 14º dia com oito medalhas – um ouro, duas pratas e cinco bronzes. Mais sete insígnias de cores distintas poderão vir, quase que dobrando o desempenho brasileiro.
Duas estão garantidas. Márcio e Fábio Luiz, no vôlei de praia, e as meninas de Zé Roberto Guimarães estão na decisão pelo ouro. Se superarem a Itália na semifinal, o time de Bernardinho se junta à turma. Ricardo e Emanuel e o malfadado time de Dunga lutam pelo consolo do bronze. Não se pode esquecer do atletismo, com Maurren Maggi favoritíssima ao pódio na final do salto em distância, do taekwondo, com a campeã mundial Natália Falavigna.
Se voltarmos a falar de maratona, porque não incluir Marílson Gomes dos Santos como candidato ao pódio na prova que encerra a programação do atletismo? Tirando alguma agradável surpresa, o Brasil deverá ficar por aí. Chegaríamos a 16 medalhas, superando as 15 da campanha nos Jogos de Atlanta-1996 (três ouros, três pratas e nove bronzes) e, quem sabe, os cinco ouros de Atenas.
Se o quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos fosse uma maratona e a delegação brasileira estivesse representada por um atleta, o país passaria boa parte da disputa no pelotão intermediário, entre a 30ª e a 40ª posições. Nos quilômetros finais, porém, o Brasil daria uma arrancada final que o elevaria até os 20 primeiros colocados.
A analogia serve para mostrar que o momento de melhor desempenho do Brasil se concentra nos dias finais das Olimpíadas. Foi assim em Atenas-2004 e se encaminha para ser da mesma maneira em Pequim. Por isso, apesar de restarem apenas três dias para o fim dos Jogos, ainda é cedo para dizer que a participação verde-amarela na China foi um fiasco.
A explicação é simples: as maiores chances de medalha do país estão nos esportes coletivos, cujas finais são concentradas nos últimos dias de disputa. Enquanto as primeiras medalhas eram conquistadas no judô, vela e natação, as equipes de futebol, vôlei e vôlei de praia avançavam rumo à disputa por lugares no pódio.
Neste último dia de competições, perdemos a primeira oportunidade de subir ao pódio com Renata e Talita na decisão pelo bronze do vôlei de praia. No futebol feminino, a doída derrota para os Estados Unidos nos tirou um ouro. Chegamos ao 14º dia com oito medalhas – um ouro, duas pratas e cinco bronzes. Mais sete insígnias de cores distintas poderão vir, quase que dobrando o desempenho brasileiro.
Duas estão garantidas. Márcio e Fábio Luiz, no vôlei de praia, e as meninas de Zé Roberto Guimarães estão na decisão pelo ouro. Se superarem a Itália na semifinal, o time de Bernardinho se junta à turma. Ricardo e Emanuel e o malfadado time de Dunga lutam pelo consolo do bronze. Não se pode esquecer do atletismo, com Maurren Maggi favoritíssima ao pódio na final do salto em distância, do taekwondo, com a campeã mundial Natália Falavigna.
Se voltarmos a falar de maratona, porque não incluir Marílson Gomes dos Santos como candidato ao pódio na prova que encerra a programação do atletismo? Tirando alguma agradável surpresa, o Brasil deverá ficar por aí. Chegaríamos a 16 medalhas, superando as 15 da campanha nos Jogos de Atlanta-1996 (três ouros, três pratas e nove bronzes) e, quem sabe, os cinco ouros de Atenas.
Em regata emocionante e polêmica, dupla Scheidt/Prada confirma reação com prata
Mas medalha só saiu oficialmente depois que juízes analisaram protesto dos suecos. Essa é a quarta vez que Robert vai a um pódio olímpico
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DA TV GLOBO
Desconfiança, superação, polêmica, apreensão e, enfim, consagração. Todos esses ingredientes agitaram as águas de Qingdao e marcaram a trajetória da dupla Robert Scheidt e Bruno Prada até a confirmação do segundo lugar geral na classe Star. Esse roteiro dramático em que os brasileiros foram os protagonistas, certamente dá à medalha de prata conquistada nos Jogos de Pequim um gosto de epopéia olímpica.
Não só pela emoção na regata da medalha, decidida mais de dez minutos depois de os barcos cruzarem a linha de chegada, mas principalmente pelo retrospecto do conjunto brasileiro ao longo das 11 provas. Ao final da sétima etapa, a dupla estava apenas em oitavo na classificação geral. Mas uma incrível ascensão nas três seguintes abriu mais uma vez o caminho para a vela do Brasil brilhar.
- Foi a medalha da superação – resumiu Scheidt ao final da saga que lhe colocou pela quarta vez consecutiva em um pódio dos Jogos e fez dele o segundo maior atleta olímpico do Brasil. Dono de quatro medalhas (dois ouros e duas pratas), ele divide o posto com Gustavo Borges, da natação, atrás apenas de Torben Grael, também da vela, que tem cinco: dois ouros, uma prata e dois bronzes.
A atuação de Robert Scheidt e Bruno Prada na decisão da classe Star foi praticamente perfeita. Enquanto Percy/Simpson, do Reino Unido, e Loof/Ekstrom, da Suécia, se marcavam na briga por ouro e prata, o time brasileiro passou as duas primeiras marcas na liderança da prova. Mais adiante, eles terminariam em terceiro, mas depois do dever cumprido o que interessava mesmo era a posição dos rivais.
Foi então que começou a polêmica. Já com a medalha de bronze assegurada para o Brasil e o ouro definido para a dupla do Reino Unido, o barco da Suécia cruzou a linha de chegada quase ao mesmo tempo que as embarcações da Itália, de Negri e Viale, e da França, de Rohart e Rambeau. De cara, a organização da prova colocou os suecos como últimos colocados.
Esse resultado dos europeus somado à terceira colocação de Scheidt/Prada na prova final dava aos brasileiros a medalha de prata. Mas os suecos, então donos do bronze, contestaram o resultado com os juízes. Logo depois, a organização da prova atualizou a classificação e os colocou em nono. Assim, o Brasil é que seria bronze.
- Qualquer uma das duas está ótimo – disse Scheidt à TV Globo, ainda sem saber o resultado oficial da regata. Cláudio Biekark, chefe da delegação do iatismo, também estava sem saber o que acontecia:
- A gente está acompanhando do quebra-mar e não sabemos o que aconteceu na final. Mas a impressão que tivemos é que pela posição de chegada eles são medalha de prata. Ainda não sabemos, porque se teve alguma penalidade ou protesto eles serão julgados na água.
Enquanto Biekark dizia isso ao SporTV, a organização das provas de vela nas Olimpíadas de Pequim confirmava, desta vez oficialmente, que os suecos tinham chegado na décima colocação, ou seja, último. Dessa maneira, a medalha de prata voltava para o peito dos brasileiros Roberto Scheidt e Bruno Prada.
- Essa conquista foi emocionante, porque começamos mal e tivemos que nos recuperar e nos superar durante a disputa. Estou emocionado, porque nós dois queríamos representar bem o Brasil, e conseguimos. Acho que essa medalha tem um valor muito especial por tudo isso. Velejamos mal, tivemos um pouco de falta de sorte, mas não deixamos o ânimo cair – comemorou Scheidt.
A vibração do timoneiro com a prata de Pequim tem uma clima totalmente diferente de quando ele conseguiu a mesma colocação em Sidney-2000. Acontece que daquela vez, em vez de ganhar a prata, ele perdeu o ouro.
Essa presença da dupla verde-amarela no pódio torna novamente a vela brasileira o esporte que mais alegrias deu ao país na história dos Jogos: são 16 conquistas desde 1968, na Cidade do México. De lá para cá, aliás, o Brasil passou em branco em apenas duas edições (Munique-1972 e Barcelona-1992).
Zé Roberto: 'Era uma situação engasgada'
Técnico diz que era ironizado por causa da derrota para a Rússia em 2004
Sem pulos ou gritos emocionados, José Roberto Guimarães comemorou com certa discrição a vitória que levou o Brasil à final olímpica do vôlei contra os Estados Unidos. Quatro anos depois de ter comandado o grupo que parou na semifinal contra a Rússia após estar muito perto da vitória, ele desabafou e mostrou alívio.
- Era uma situação muito engasgada durante todos esses anos. Não só por esse grupo ou pelo grupo de 2004, mas por todo o voleibol brasileiro, que nunca havia chegado a uma final. A gente conseguiu. Foi o primeiro passo para quebrar algumas escritas. Agora a gente está com chances de brigar pelo ouro - disse.
O técnico diz que a derrota quando o time perdia no quarto set por 24 a 19 fez ele ser ironizado por alguns meses em jogos da Superliga.
- Muitas vezes eu chegava no ginásio e via as pessoas carregando placas 24-19. A gente ia jogar lá no Minas, por exemplo, e faziam isso. Cansamos de ouvir essas coisas - diz.
O treinador diz que não perdeu o sono pensando na hipótese de perder outra vez na semifinal e ouvir críticas sobre a falta de competência na hora da decisão. Conta que ficou estudando vídeos das chinesas até 1h e depois caiu em um sono pesado.
- Juro pela minha santa mãe que eu não pensei nisso. Eu estava tão tranqüilo, sabendo que ia dar, e que a gente merecia. Eu estava assim: 'A gente merece, a gente vai ganhar' - diz.
Zé Roberto diz que o grupo aprendeu com as derrotas, principalmente com a da decisão do Pan do ano passado, para Cuba.
- Aquela foi uma derrota que marcou muito. A gente estava jogando no Rio, com chance de fechar. Foi uma das mais sofridas que nós tivemos. Mas causou amadurecimento. Essas derrotas que a gente teve dessa maneira em que esteve para fechar e a bola não cai, fazem o grupo aprender muito. Elas estão - diz.
Cauteloso, o técnico brasileiro nem comenta a possibilidade de ser o primeiro técnico a conquistar os títulos olímpicos no masculino e no feminino.
- Não quero nem pensar nisso agora. Se eu falo alguma coisa, depois vou ter de explicar porque não consegui. Vamos ganhar primeiro. Quando estávamos treinando nos Estados Unidos, fui jantar com o Doug Beal (ex-técnico dos EUA) e ele me perguntou assustado: 'Por que você foi para o feminino'. Ele me chamou de louco. Respondi que é o meu grande desafio. Todo mundo sabe que ser técnico de homens é muito mais tranquilo. Ele mesmo não conseguiria - diz.
Meninas lutam, mas perdem a medalha de ouro para os Estados Unidos
Gol na prorrogação dá segunda vitória seguida às americanas sobre o Brasil em final de Olimpíadas. Ainda no gramado, Marta chora
“O que foi que eu fiz de errado?”, perguntou Marta após sua última chance, olhando para o céu. A resposta é difícil de dar, mas o resultado final explica o choro da melhor jogadora do mundo ainda no gramado: Estados Unidos 1 x 0 Brasil. Nesta quinta-feira, as brasileiras lutaram e correram muito no Estádio dos Trabalhadores em Pequim, dominaram os primeiros 90 minutos, tiveram o apoio da torcida chinesa, mas as americanas demonstraram mais preparo físico e conseguiram a medalha de ouro do futebol feminino das Olimpíadas na prorrogação.
O gol foi de Carli Lloyd, aos 6 minutos do primeiro tempo extra. Sob os olhares de Pelé e Kobe Bryant na tribuna de honra, as brasileiras apostaram tudo nos 90 iniciais, mas não conseguiram marcar. Marta correu, driblou, chutou. Tentou de tudo. Incansável. Porém, a goleira Hope Solo não deixou a camisa 10 realizar o sonho de ser campeã olímpica. O grito de gol brasileiro ficou preso na garganta aos 29 do segundo tempo da prorrogação: após cobrança de escanteio, Renata Costa acertou a bola na rede. Pelo lado de fora.
Em quatro edições do futebol feminino, os EUA chegaram a quatro finais. Só perderam em 2000, para a Noruega. Em Atenas, há quatro anos, venceram o Brasil também na prorrogação, por 2 a 1. O bronze dos Jogos de Pequim ficaram com a Alemanha, que venceu o Japão por 2 a 0, repetindo assim o pódio de 2004.
Apesar do título olímpico de Atenas, as americanas entraram em campo na final de Pequim querendo vingança do Brasil. No ano passado, Marta & cia. golearam por 4 a 0 os EUA na semifinal da Copa do Mundo. Este é o terceiro vice seguido da seleção brasileira em competições importantes: duas Olimpíadas e o Mundial.
Chuva atrapalha toque de bola
A bola no primeiro tempo ficou mais nos pés das brasileiras. Porém, até os 30 minutos, poucas chances de gols. As americanas apertaram a marcação em Marta e Cristiane, e o Brasil não conseguiu furar a defesa. O campo molhado também prejudicou os passes no time de Jorge Barcellos.
Do outro lado, Bárbara não era testada. Os EUA tentavam contra-ataques, mas sem sucesso. A partir dos 30, o Brasil foi para cima. Marta e Cristiane “acordaram” e fizeram a bela goleira Hope Solo trabalhar. A mesma que no ano passado disse que não levaria os quatro gols da derrota americana na semifinal da Copa do Mundo (ela ficou no banco).
Primeiro, aos 30, Formiga roubou a bola no meio-campo e armou o contra-ataque. Marta partiu sozinha pela esquerda, Cristiane por dentro. Formiga preferiu lançar a camisa 11 entre a zaga, mas ela adiantou demais a bola e Solo salvou, na dividida.
Três minutos depois, Marta tentou sozinha. A craque aproveitou a desatenção da defesa, deu um pique e ficou com a bola pela ponta esquerda. Depois, driblou duas rivais e bateu de fora da área, para fora. Aos 41, foi a vez de Cristiane tentar resolver por conta própria. A artilheira arrancou pela esquerda, passou por duas e chutou forte, mas por cima do gol.
Solo e Bárbara brilham
No segundo tempo, o Brasil continuou assustando Solo após jogadas individuais. Aos 7, Marta passou com velocidade pelas americanas na esquerda, quase na linha de fundo, mas cruzou em cima da goleira. Dez minutos depois, a melhor do mundo arriscou de longe, por cima, longe. Logo depois, Daniela Alves sofreu falta na entrada da área. A própria camisa 7 cobrou, mas acertou a barreira.
Aos 36, Solo mostrou por que tem tanta certeza de que não tomaria os quatro gols do ano passado. Marta fez bela jogada na pequena área e bateu forte, cara a cara com a goleira americana, que, no reflexo, pegou com uma só mão.
Nos cinco minutos finais, os EUA resolveram sair da retranca. E Bárbara teve que trabalhar. Primeiro, a goleira brasileira quase entregou o jogo em uma dividida pela direita da área. Mas, aos 41, salvou: Hucles chutou rasteiro de fora da área, e Bárbara pegou no canto direito. Quatro minutos depois, a defesa mais importante da brasileira na partida. Érika perdeu a bola na entrada da área e Rodriguez tentou encobrir Bárbara, que tirou com a ponta dos dedos.
Americanas vencem no fôlego
Na prorrogação, as americanas apostaram no melhor preparo físico para superar a técnica brasileira. Deu certo. Primeiro, Rodriguez fez Bárbara trabalhar aos 3 minutos. De fora da área, bateu forte, mas a brasileira pegou com segurança.
Três minutos depois, Lloyd pegou uma sobra na entrada da área e chutou. Dessa vez, Bárbara deixou a bola passar por baixo: 1 a 0 para os EUA.
As americanas seguraram a vantagem, e a melhor chance do Brasil de empatar foi aos 5 do segundo tempo. Após cruzamento da esquerda, a bola passou por todas as brasileiras na área dos EUA e nenhuma conseguiu tocá-la para o fundo da rede. Logo em seguida, Marta, incansável, ainda arriscou de fora da área, para fora. Aos sete, o desespero: a camisa 10 bateu falta de longe, a bola quicou e saiu rente à trave direita. Depois, chorou antes do apito final. Era o fim do sonho dourado.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Qualidade do ar em Pequim é boa durante Olimpíada
A China confirmou algo que a maioria das pessoas que está em Pequim para a Olimpíada já suspeitava – a qualidade do ar da cidade está boa.
O governo afirma que os níveis de poluição atingiram os padrões esperados em todos os dias dos Jogos até agora.
Eles atribuem o fato às medidas de redução de poluição implementadas na véspera da Olimpíada, como o rodízio de carros e a paralisação de algumas fábricas.
Uma análise independente feita pela BBC indicou que o nível de poluição ficou dentro do esperado em seis dos 11 dias de competição até agora.
No entanto, para um especialista em poluição, Pequim também se beneficiou com condições favoráveis de clima.
'Medidas eficazes'
O vice-diretor do departamento municipal de Proteção Ambiental de Pequim, Du Shaozhong, disse que a qualidade do ar foi boa em todos os dias de agosto.
Em entrevista coletiva a jornalistas, ele disse que a redução da poluição seria uma comprovação de que as medidas tomadas pelo governo funcionaram.
"Sem essas medidas, a qualidade atual do ar estaria impossível", disse Du.
"Comparado com cidades que sediaram os Jogos anteriormente, Pequim foi a que tomou as medidas mais intensas para cortar as emissões e assegurar que não houvesse poluição."
Análise independente
A medida independente realizada pela BBC da poluição em Pequim confirma o anúncio feito pelas autoridades.
A BBC vem medindo a quantidade de partículas sólidas – apenas um dos agentes poluidores – na atmosfera.
De acordo com esses dados, Pequim cumpriu os padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em seis dos onze dias de competição até agora.
Os moradores de Pequim também vêm percebendo a diferença.
A porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI), Giselle Davies, disse que a entidade sempre acreditou que Pequim alcançaria as metas de redução de poluição.
"Muitas pessoas pensaram que seria um problema, mas o fato é que as preocupações eram sem fundamento", disse ela.
No entanto, a declaração indica uma mudança de postura da entidade.
O próprio presidente do COI, Jacques Rogge, chegou a manifestar preocupações com a poluição de Pequim no ano passado. Ainda na véspera da Olimpíada, o COI ameaçou adiar alguns esportes caso o nível de poluição não caísse.
Especialista
Para o especialista em poluição Ivo Allegrini, que está em Pequim avaliando os níveis de poluição, a China conseguiu atingir a redução planejada.
Mas ele disse que as condições climáticas de agosto – em especial a chuva – tiveram um papel importante.
"A poluição do ar depende de uma combinação de fontes de emissão e de situações meteorológicas", disse Allegrini.
"Aqui em Pequim, nós tivemos condições meteorológicas favoráveis combinadas com alguma redução das emissões."
Bolt repete feito de Carl Lewis e bate outro recorde
O jamaicano Usain Bolt confirmou o título de homem mais rápido do mundo e voltou a assombrar o público no Estádio Nacional de Pequim (o Ninho de Pássaro) ao quebrar o recorde mundial e conquistar a medalha de ouro na prova dos 200m rasos dos Jogos Olímpicos.
Com o resultado, Bolt é o primeiro velocista a ganhar a medalha de ouro nos 100m e nos 200m em uma mesma Olimpíada desde o americano Carl Lewis, em Los Angeles-1984.
O jamaicano venceu a prova com o tempo de 19s30, superando em dois centésimos de segundo o recorde mundial que havia sido estabelecido pelo americano Michael Johnson em Atlanta-1996.
"A sensação é ótima", disse Bolt à BBC, após a prova. "Isso é um sonho que se torna realidade."
"Eu disse para todo mundo que deixaria tudo o que eu tinha na pista, e fiz isso", acrescentou o velocista. "Provei que sou um verdadeiro campeão e que, com trabalho duro, tudo é possível."
A medalha de prata nos 200m foi para Churandy Martina, das Antilhas Holandesas, e o bronze ficou com o americano Shawn Crawford, vencedor da prova em Atenas-2004.
O também americano Wallace Spearmon cruzou a linha de chegada na terceira posição, mas foi desclassificado por pisar fora de sua raia.
Reggae
Logo nos primeiros metros depois da largada, o jamaicano abriu vantagem em relação aos adversários. No trecho final da prova, a vitória de Bolt já era evidente, e a disputa do jamaicano era com o recorde mundial.
A velocidade impressionante de Usain Bolt provocou um turbilhão de aplausos e manifestações de admiração no Ninho de Pássaro.
Depois de permanecer deitado na pista por alguns segundos, Bolt se levantou para uma volta olímpica em que foi ovacionado pela platéia.
Ao som de reggae nos alto-falantes do estádio, o jamaicano tirou as sapatilhas e, com a bandeira de seu país nas costas, arriscou alguns passos durante a comemoração.
Em seguida, a música foi substituída por um Parabéns a Você - o homem mais rápido do mundo completa 22 anos de idade na sexta-feira.
Especialidade
Nos 100m rasos, a prova mais rápida dos Jogos Olímpicos, Bolt também conquistou a medalha de ouro em Pequim com um novo recorde mundial: 9s69.
Apesar da façanha, o jamaicano insistia que sua especialidade era a prova dos 200m. Bolt só confirmou presença na disputa dos 100m quando chegou a Pequim.
Bolt saiu de uma relativa obscuridade para se tornar um dos maiores nomes do atletismo ao bater pela primeira vez o recorde mundial dos 100m rasos (9s72) em Nova York, no final de maio.
Era apenas a quinta vez que o jamaicano disputava a prova em uma competição oficial. Seis semanas depois, Bolt marcou o quinto tempo mais rápido da história nos 200m rasos (19s67).
No Mundial de 2007, o jamaicano havia conquistado apenas a medalha de prata nos 200m rasos - atrás do americano Tyson Gay, que não obteve a classificação para a prova em Pequim.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
César Cielo chega ao Brasil, vai direto comer e recebe notícia da morte do avô
Medalha de ouro nas Olimpíadas de Pequim, o nadador brasileiro desembarcou nesta manhã em Guarulhos. Dia será de muitas homenagens
O nadador César Cielo, campeão olímpico na prova dos 50m, desembarcou às 11h40m desta terça-feira no aeroporto internacional de Cumbica, na cidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. Assim que chegou, foi recebido por familiares e, cheio de fome, entrou na cozinha de um restaurante para comer. Ele também soube da morte do avô Alcides.
O dia do medalhista será repleto de homenagens. Ainda no aeroporto, ele dará uma entrevista coletiva para contar a sua façanha em Pequim. Depois, Cielo irá num carro aberto do Corpo de Bombeiros até o Esporte Clube Pinheiros, localizado na marginal do Rio Pinheiros (veja a trajetória no quadro abaixo). Cesão, como é chamado pelos parentes, fãs e amigos, treinou bastante tempo no clube e a diretoria prepara uma festa. A carreata começa às 13h.
As comemorações não param por aí. Após o evento no Pinheiros, César Cielo deve ir para Santa Bárbara d´Oeste, sua cidade natal, a 130km de São Paulo. A prefeitura local e o Esporte Clube Barbarense, onde ele começou a treinar quando criança, preparam os festejos para a manhã de quarta-feira. Mas, ainda nesta terça, o nadador será recebido como herói pelos moradores.
Notícia triste ao chegar
Assim que desembarcou, Cielo foi recepcionado pela família numa sala reservada no aeroporto. Depois de alguns beijos e abraços, César recebeu uma notícia triste: o avô Alcides, que sofria de Mal de Alzheimer, faleceu no mês passado. Para não atrapalhar o desempenho e a concentração do nadador antes dos Jogos Olímpicos, os parentes optaram por não contar a notícia até as disputas. Os tios disseram que uma amiga de César Cielo chegou a mandar um e-mail para ele dando os pêsames, mas a mensagem foi interceptada pela mãe, Flávia, que apagou para que o filho não lesse.
- É uma pena receber uma notícia dessa assim, mas sei que ele está feliz onde está - diz.
Campeão faminto vai direto para o restaurante
A primeira entrevista coletiva de César Cielo no Brasil está marcada para um restaurante localizado dentro do aeroporto de Cumbica. Assim que chegou ao local, ele fez questão de ir até a cozinha comer um lanche para matar a fome da longa viagem - 23 horas - de Pequim até São Paulo.
- Comi apenas uma saladinha...
Time de Dunga leva chocolate da Argentina e dá adeus ao sonho do ouro
Para alegria do sogro Maradona, Agüero marca duas vezes e comanda vitória por 3 a 0 sobre o Brasil. Agora, só resta a seleção feminina
O sonho está, mais uma vez, adiado. Ronaldinho & cia. caíram diante da Argentina nesta terça-feira, no Estádio dos Trabalhadores em Pequim, de forma melancólica. Sob aplausos de Diego Maradona no Estádio dos Trabalhadores em Pequim, a equipe de Messi, Riquelme e Agüero devolveu o 3 a 0 da derrota para o Brasil na final da Copa América de 2007 e vai defender a medalha de ouro das Olimpíadas contra a Nigéria, sábado, no Ninho do Pássaro. Ao futebol brasileiro, resta torcer para a seleção feminina, que busca o título na quinta-feira, contra os Estados Unidos.
Quem foi ao estádio ver o duelo entre Messi e Ronaldinho acabou vendo o genro de Maradona brilhar: Agüero, que leva o nome da namorada Gianina Maradona na chuteira, fez dois gols e sofreu o pênalti convertido por Riquelme. O time de Dunga perdeu a cabeça no fim do jogo e ainda teve dois jogadores expulsos por faltas violentas no volante Mascherano: Lucas e Thiago Neves.
Atual campeã olímpica, a Argentina encara a Nigéria no sábado, à 1h (de Brasília), na disputa pelo ouro. O Brasil volta a campo contra a Bélgica, sexta-feira, às 8h (de Brasília), em Xangai, para ver quem fica com a medalha de bronze.
Messi mais objetivo que Ronaldinho
No primeiro tempo, a partida ficou concentrada em seus dois principais nomes: Ronaldinho e Messi. Do lado brasileiro, o camisa 10 aparecia mais pelo lado esquerdo, com bom controle de bola, mas sem muita objetividade. As tabelinhas com Marcelo funcionaram poucas vezes, e o novo craque do Milan pecou em prender demais as jogadas.
Messi era mais objetivo. Sempre que pegava na bola, era sinal de perigo. A torcida percebeu isso. No início, Ronaldinho era o mais aplaudido pelos chineses. Com o decorrer do primeiro tempo, os torcedores já gritavam por Messi. E os brasileiros passaram a pará-lo com faltas.
O primeiro chute foi argentino. Aos 2 minutos, Mascherano tentou de fora da área, bem longe. O Brasil respondeu aos 5, com Sobis, que bateu cruzado da esquerda para fora. Pela direita, a seleção de Dunga criava seus principais lances com Rafinha, como aos 11: o lateral deu um lindo drible em Monzon e cruzou rasteiro, mas Sobis passou da bola, sem conseguir tocar nela.
A resposta argentina veio em um minuto. Agüero driblou Breno e Alex Silva na área e chutou rente à trave esquerda de Renan. O último lance de perigo da etapa inicial foi de Messi. O jovem craque aproveitou falha de Rafinha, roubou a bola e entrou na área. Mesmo franzino, ganhou a dividida com Breno na área e chutou bem, mas Renan rebateu. A bola ainda passou perto de Agüero na pequena área, mas o atacante não a alcançou.
Genro de Maradona desequilibra
O genro de Maradona deixou para acertar a bola no segundo tempo, para azar de Renan. Logo aos 7, Di Maria recebeu de Gago na esquerda e cruzou para a área, e Agüero tocou de peito para o fundo da rede e abriu o placar: 1 a 0 para os hermanos. Um minuto depois, o Brasil quase empatou. Rafael Sobis dominou fora da área e arriscou, acertando a trave direita de Romero.
Enquanto Ronaldinho mal pegava na bola, Messi resolveu partir para cima da zaga de novo. Aos 13, recebeu pelo meio da área, carregou para o lado direito sem receber marcação e tocou para Monzon. O lateral cruzou rasteiro, e Agüero, sozinho na pequena área, colocou a bola para dentro do gol de novo: 2 a 0.
O placar fez Dunga se mexer. O técnico tirou Hernanes e Rafael Sobis para colocar Thiago Neves e Alexandre Pato. E o atacante do Milan chegou a balançar a rede, mas em impedimento: aos 19, Ronaldinho Gaúcho cobrou falta e acertou a trave, Marcelo pegou o rebote e Pato tocou para o gol, mas em posição irregular.
Jô ainda entrou para reforçar o ataque, mas na defesa o Brasil vacilava. Aos 29, Breno fez falta em Agüero dentro da área. Pênalti que Riquelme cobrou aos 30 e converteu: 3 a 0.
O gol acabou com a calma do Brasil. Dois jogadores foram expulsos por falta no volante Mascherano: Lucas, aos 35, e Thiago Neves, aos 38.
Depois, foi só ver a Argentina tocar a bola e ter que esperar mais quatro anos para outra chance de ouro no futebol masculino.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Cuba perde seu principal favorito à medalha de ouro no boxe destes Jogos
Idel Torriente foi eliminado por pugilista do Azerbaijão nas quartas-de-final
Dia de grandes lutas no ginásio dos trabalhadores neste décimo dia de disputas do boxe dos Jogos Olímpicos de Pequim. A decisão foi pelas quatro vagas para as semifinais de três categorias e contou com uma surpresa, na até 57kg. Atual campeão pan-americano, Idel Torriente era a maior esperança de medalha do país na modalidade e acabou eliminado nestas quartas-de-final pelo atleta do Azerbaijão, Shahin Imranov, por 16 a 14.
A programação, porém, já começou quente com o encontro do cubano Yankiel Leon Alarcon com o tailandês Worapoj Petchkoom. Vindo de uma das mais tradicionais, e vitoriosas, escolas de boxe olímpico, Alarcon teve pela frente um medalhista de prata em Atenas e não tomou conhecimento, vencendo por 10 a 2.
Na categoria acima de 91kg, o destaque foi a participação do atual campeão mundial, o italiano Roberto Camarelle. Por 9 a 5, ele derrotou o colombiano Oscar Rivas, e está a duas vitórias para juntar a medalha de ouro olímpica a sua galeria de conquistas.
Quartas-de-final
Até 54kg
Yankiel Leon Alarcon (CUB) 10 x 2 Worapoj Petchkoom (TAI)
Bruno Julie (MRI) 13 x 9 Hector Manzanilla Rangel (VEN)
Veaceslav Gojan (MDA) 10 x 3 Akhil Kumar (IND)
Badar-Uugan Enkhbat (MGL) 15 x 2 Khumiso Ikgopoleng (BOT)
Até 57kg
Yakup Kilic (TUR) 13 x 6 Abdelkader Chadi (ARL)
Vasyl Lomachenko (UCR) 12 x 3 Yang Li (CHN)
Khedafi Djelkhir (FRA) 14 x 9 Arturo Santos Reyes (MEX)
Shahin Imranov (AZE) 16 x 14 Idel Torriente (CUB)
Acima de 91kg
Vyacheslav Glazkov (UCR) 10 x 4 Newfel Ouatah (ARL)
Zhilei Zhang (CHN) 12 x 2 Ruslan Myrsatayev (CAZ)
Roberto Cammarelle (ITA) 9 x 5 Oscar Rivas (COL)
David Price (GBR) interrupção do juiz aos 9s do segundo round Jaroslav Jaksto (LIT)
Fernanda Oliveira e Isabel Swan brilham e conquistam inédita medalha para vela
Dupla brasileira vence regata final da 470 e garante quinto bronze ao Brasil
O mergulho nas águas de Qingdao, o barco virado e a emoção no pódio, caracterizada por sorrisos, lágrimas e bandeira do Brasil nas mãos, simbolizaram muito bem a importância do feito de Fernanda Oliveira e Isabel Swan nas Olimpíadas de Pequim. Com ascensão meteórica nas últimas regatas da classe 470, a dupla venceu a última prova, assegurou a terceira colocação geral e recebeu com muito orgulho o bronze.
A medalha, que em alguns casos é considerada apenas razoável, atribuída a fracassos e até mesmo desprezada, como foi o caso do sueco Ara Abrahamian na luta greco-romana, tem cara de ouro para as brasileiras. Principalmente por ter um caráter inédito, afinal é a primeira vez que uma categoria feminina da vela dá uma conquista dessas ao esporte nacional - os homens têm 14 na história. Esse bronze é comemorado como ouro também porque elas chegaram às Olimpíadas de Pequim longe da lista de favoritas.
O caminho para o pódio
A timoneira Fernanda e a proeira Isabel tiveram uma trajetória de certa maneira surpreendente na disputa da classe 470. Até a quinta regata, de um total de 11 (incluindo a Medal Race), elas não tinham passado das dez primeiras colocações.
Conseguiram avançar um pouco ao fim da sexta prova, quando assumiram a nona posição no geral. Após isso, a ascensão foi impressionante. A dupla brasileira chegou em quinto na sétima prova, em quarto na oitava e também na nona, para então assumir a terceira colocação depois da décima regata.
Embora tivessem chegado à regata da medalha em situação mais cômoda, Fernanda e Isabel estavam muito concentradas em não vacilar na última prova. E o foco na competição foi tanto que elas deixaram todas as adversárias para trás e venceram a 11ª disputa. Fato que manteve o conjunto brasileiro na terceira colocação.
À frente das brasileiras só ficaram as australianas Elise Rechichi e Tessa Parkinson, donas do ouro, e as holandesas Marcelien de Koning/Lobke Berkhout, que conquistaram a prata.
Vela volta ao topo da lista dos esportes mais gloriosos
Com a medalha conquistada nas águas de Qingdao, a vela brasileira empata com o judô e soma 15 na história das Olimpíadas. Antes do início dos Jogos de Pequim, a modalidade era líder isolada, mas foi superada pelo pessoal do tatame após os bronzes de Leandro Guilheiro, Tiago Camilo e Ketleyn Quadros.
Ainda nesta edição das Olimpíadas existe a possibilidade de a vela verde-amarela voltar a ser o esporte mais vitorioso do Brasil nos Jogos. E as principais esperanças são Robert Scheidt/Bruno Prada, na classe Star, e Ricardo Winicki, o Bimba, na RS:X. A dupla, no entanto, tem oscilado bastante em sua categoria.
Márcio e Fábio vencem e pegam Ricardo e Emanuel na briga por vaga na decisão
Dupla dá show na defesa e derrota austríacos Gosch e Horst
O Brasil pode comemorar a presença de duas duplas na briga por uma vaga na decisão olímpica. Antes da vitória de Ricardo e Emanuel nas quartas-de-final, Márcio e Fábio Luiz confirmaram seu favoritismo diante de Gosch e Horst e derrotaram os austríacos por 2 a 0, parciais de 22/20 e 21/17, garantindo sua vaga nas semifinais. Agora, a dupla se prepara para encarar os atuais campeões olímpicos na próxima quarta-feira, em horário a ser definido.
A outra semifinal será disputada pelos também brasileiros Renatão e Jorge, que defendem a Geórgia com os nomes de Geor e Gia, e os americanos Rogers e Dalhausser.
Tensão e cartão amarelo no primeiro set
Estreante em Olimpíadas, Fábio Luiz entrou em quadra nervoso. Os austríacos começaram sacando no capixaba, que cometeu dois erros de contra-ataque e colocou os adversários em vantagem. Márcio trouxe a confiança de volta com um ataque indefensável, e a “Muralha” acordou. Com facilidade, a dupla abriu 10 a 7. Mas os adversários não se deram por vencidos, e chegaram a irritar os brasileiros.
Com o jogo em 15 a 13, Horst atacou no canto da quadra. A bola caiu próxima à linha e o ponto, acertadamente, foi marcado a favor dos brasileiros. O europeu e Márcio discutiram na rede, e levaram cartão amarelo por reclamação. Sem perder o foco, os brasileiros chegaram ao set point em 20 a 18, mas o cearense cometeu dois erros o duelo ficou empatado em 20 a 20. Foi só um susto. Com um ataque para fora de Horst, a parceria verde-amarela fechou em 22 a 20. Em vão, os rivais continuaram reclamando da arbitragem, mas era tarde.
Brasil dita o ritmo e garante a vitória
Após um primeiro set equilibrado, a parcial seguinte seria uma pedreira para os brasileiros, certo? Errado. Márcio e Fábio voltaram para a quadra virando todas as bolas, e não deram chances aos adversários. Com o jogo em 7 a 5, o “gigante” roubou uma bola de Gosch na rede e conseguiu mais que o terceiro ponto de vantagem para o Brasil: tirou a moral do austríaco, que vinha bem na partida. Rapidamente, o time abriu 11 a 6. Três erros dos brasileiros diminuíram a diferença para os adversários em 12 a 11. No entanto, apesar das tentativas Gosch e Horst, o time verde-amarelo fechou a quadra. Márcio brilhou na defesa e Fábio se impôs na rede. Com um bloqueio da “Muralha”, a vitória estava selada por 21 a 17, e a classificação, garantida.
Brasil fará final do futebol feminino contra os EUA
A Seleção feminina de futebol do Brasil goleou a Alemanha por 4 a 1 nesta segunda-feira e avançou para a final na Olimpíada de Pequim, garantindo, no mínimo, a medalha de prata na modalidade.
Repetindo Atenas 2004, a final será contra a seleção dos Estados Unidos, que derrotou o Japão por 4 a 2, também nesta segunda-feira. Há quatro anos, o Brasil perdeu a final.
A classificação para a final ocorreu com a quebra de um tabu: o Brasil nunca havia vencido a Alemanha no futebol feminino.
Além disso, a equipe conseguiu "vingar" as derrotas nas finais da Copa do Mundo e na Olimpíada de Atenas, em 2004.
As brasileiras começaram perdendo com gol de Birgit Prinz, mas empataram no final do primeiro tempo e viraram no segundo – com gols de Formiga, Marta e dois de Cristiane.
Os gols brasileiros foram marcados pela plasticidade dos lances. No quarto gol, Cristiane driblou quatro jogadoras alemãs.
Até jogar contra o Brasil, a goleira alemã Nadine Angerer – considerada a melhor do mundo no futebol feminino – estava invicta.
A final vai ser disputada na quinta-feira às 10h (horário de Brasília) no Estádio dos Trabalhadores de Pequim.
Na terça-feira, o time masculino faz a semifinal contra a Argentina, no mesmo estádio.
domingo, 17 de agosto de 2008
Egípcia desmaia após combate nas lutas
Renata e Talita derrotam australianas e se garantem nas semifinais das Olimpíadas
Dupla dá show contra Barnett e Cook e se prepara para pegar Walsh e May
Após uma dura batalha contra as norueguesas Maaseide e Glesnes pela vaga nas quartas-de-final, na última sexta-feira, Renata saiu abatida de quadra:
- Se a gente continuar assim, vai ficar difícil.
Neste domingo, a carioca se redimiu. Com uma grande atuação ao lado de sua parceira Talita, levou um susto no final do primeiro set, mas bateu Cook, campeã olímpica em 2000, e sua nova parceira, Barnett. As brasileiras venceram as australianas por 2 a 0, parciais de 24/22 e 21/14, garantindo a classificação para as semifinais dos Jogos de Pequim.
Com o resultado, Renata e Talita se preparam para tentar o que as compatriotas Ana Paula e Larissa não conseguiram: derrotar as americanas Walsh e May, atuais campeãs olímpicas, para lutar pelo ouro.
Susto no fim do primeiro set
Logo no primeiro ponto, um rali demorado colocou as brasileiras em vantagem. Não seria fácil passar pelas australianas. Por isso, Renata e Talita entraram no jogo a mil por hora. Com saques potentes, a dupla desarmou Barnett e Cook e abriu 13 a 9. As adversárias pediram tempo e voltaram a incomodar. A dupla verde-amarela reclamou duas vezes da arbitragem, mas não perdeu o foco e abriu 20 a 15. No entanto, as atletas sentiram o nervosismo no final. Pressionadas pelas rivais, elas precisaram de seis macth points para fechar o set em 24 a 22 com um ataque de Renata.
Show e vitória fácil para o Brasil
Sem diminuir o ritmo no set seguinte, as brasileiras tiveram trabalho no início da segunda parcial, mas logo se impuseram novamente. Com grandes defesas de Renata e cravadas de Talita, a dupla abriu 12 a 9. Tranqüilas, elas não demoraram a aumentar a vantagem para cinco pontos (15 a 10). A vaga nas semifinais estava cada vez mais próxima. Por isso, desta vez, nada de “cochilo” no final. Com um saque de Renata, a dupla garantiu a vitória por 21 a 14.
Após uma dura batalha contra as norueguesas Maaseide e Glesnes pela vaga nas quartas-de-final, na última sexta-feira, Renata saiu abatida de quadra:
- Se a gente continuar assim, vai ficar difícil.
Neste domingo, a carioca se redimiu. Com uma grande atuação ao lado de sua parceira Talita, levou um susto no final do primeiro set, mas bateu Cook, campeã olímpica em 2000, e sua nova parceira, Barnett. As brasileiras venceram as australianas por 2 a 0, parciais de 24/22 e 21/14, garantindo a classificação para as semifinais dos Jogos de Pequim.
Com o resultado, Renata e Talita se preparam para tentar o que as compatriotas Ana Paula e Larissa não conseguiram: derrotar as americanas Walsh e May, atuais campeãs olímpicas, para lutar pelo ouro.
Susto no fim do primeiro set
Logo no primeiro ponto, um rali demorado colocou as brasileiras em vantagem. Não seria fácil passar pelas australianas. Por isso, Renata e Talita entraram no jogo a mil por hora. Com saques potentes, a dupla desarmou Barnett e Cook e abriu 13 a 9. As adversárias pediram tempo e voltaram a incomodar. A dupla verde-amarela reclamou duas vezes da arbitragem, mas não perdeu o foco e abriu 20 a 15. No entanto, as atletas sentiram o nervosismo no final. Pressionadas pelas rivais, elas precisaram de seis macth points para fechar o set em 24 a 22 com um ataque de Renata.
Show e vitória fácil para o Brasil
Sem diminuir o ritmo no set seguinte, as brasileiras tiveram trabalho no início da segunda parcial, mas logo se impuseram novamente. Com grandes defesas de Renata e cravadas de Talita, a dupla abriu 12 a 9. Tranqüilas, elas não demoraram a aumentar a vantagem para cinco pontos (15 a 10). A vaga nas semifinais estava cada vez mais próxima. Por isso, desta vez, nada de “cochilo” no final. Com um saque de Renata, a dupla garantiu a vitória por 21 a 14.
Cielo sofre com assédio de chineses em visita a Templo do Céu, em Pequim
Nadador é cercado por fãs e aguarda 'loucura' na chegada ao Brasil
César Cielo começou a conhecer neste domingo o assédio que receberá do público com o novo status de campeão olímpico. Na visita ao Templo do Céu, um dos pontos turísticos de Pequim, o nadador foi cercado, abraçado e fotografado por centenas de chineses. Temeu até perder a medalha no momento de maior confusão, mas saiu sem arranhões.
- Não imaginava que isso fosse acontecer, ainda mais na China. Imagino a loucura que vai ser quando eu chegar ao Brasil - diz ele.
Construído em 1420, durante a Dinastia Ming, o Templo era usado para os imperadores agradecerem aos céus pelas boas colheitas. Pelos espaços livres do parque, milhares de pessoas dançam e cantam, jogam baralho e peteca. A maioria do público é de mais de 50 anos e tudo seguia tranquilamente até às 16h da tarde de Pequim (3h de Brasília), quando Cielo chegou à Sala de Orações e tirou as medalhas do bolso. Aí começou a confusão.
Chineses se aglomeraram perto de Cielo para tirar fotos. Muitos chegavam sem nem saber quem ele era e começavam a perguntar o nome do medalhista para os jornalistas brasileiros. A multidão não parava de aumentar e vários seguranças tentavam, inutilmente, controlar a situação. Cielo nem conseguiu agradecer pela colheita de medalhas, mas aproveitou algum tempo para fazer fotos e vídeos.
- Já fui a vários lugares do mundo e não consegui visitar direito. Mas isso aqui já é um exemplo do que eu espero ver no Brasil. É surpreendente ver esse carinho todo do público chinês, que nem me conhece direito. Mas já é um bom teste para o que virá nos próximos dias - diz.
Cielo embarca para o Brasil nesta segunda-feira em Pequim e deve chegar a São Paulo na manhã de terça. Ainda não sabe se vai direto para Santa Bárbara d'Oeste, ou se fica na capital paulista para compromissos comerciais. Diz que suas próximas semanas serão de descanso e cheias de gente por perto, para compensar os tempos de solidão dos treinos em Auburn, Estados Unidos.
"Imbatível", Jamaica faz o pódio nos 100 m feminino
A Jamaica definitivamente está marcada como a grande potência do atletismo nos Jogos Olímpicos de Pequim. Na manhã deste domingo (horário de Brasília), o país americano repetiu o feito do último sábado e, na final feminina dos 100 metros rasos, colocou suas três atletas classificadas para a prova no pódio.
Com um tempo de 10s78, a jamaicana Shelly-Ann Fraser foi a grande vencedora da prova no Estádio Nacional, o Ninho de Pássaro.
Menos cotada que as rivais, Fraser igualou o melhor tempo da temporada, além de conseguir a sua melhor marca pessoal na carreira para chegar à medalha de ouro. Até então, a melhor marca da campeã olímpica era 10s85, no Pré-Olímpico que lhe garantiu em Pequim.
Em um dia de ouro para o esporte jamaicano, o país ainda viu uma pouco usual decisão dos juízes, que sem uma definição através da foto, decidiram dividir a medalha de prata.
Melhor para Sherone Simpson e Kerron Stewart, que cravaram 10s98 e chegaram juntas à linha final. Stewart era a grande favorita do país, visto que alcançara 10s80 no mesmo Pré-Olímpico jamaicano.
A boa fase do centro-americanos - que viram o recorde e a medalha de ouro de Usain Bolt no sábado - constrasta com a queda de favoritas. A norte-americana Torri Edwards, até então a melhor do ano com 10s78, fechou a final na última colocação, com 11s20.
Os Estados Unidos, que mandaram nas piscinas durante as provas de natação, vai ficando para trás no atletismo. Suas duas outras representantes, Lauryn Williams e Muna Lee, terminarem em quarta e quinto lugares, respectivamente, com 11s03 e 11s07.
Confira abaixo a classificação final dos 100 m feminino:
1. Shelly-Ann Fraser (JAM) 10s78 OURO
2. Sherone Simpson (JAM) 10s98 PRATA.
2. Kerron Stewart (JAM) 10s98 PRATA.
4. Lauryn Williams (EUA) 11s03
5. Muna Lee (EUA) 11s07
6. Jeanette Kwakye (GBR) 11s14
7. Debbie Ferguson-McKenzie (BAH) 11s19
8. Torri Edwards (EUA) 11s20
Após nova decepção, Daiane descarta Londres 2012
Mais uma vez sem uma medalha olímpica no peito, assim como em Atenas 2004, a ginasta Daiane dos Santos já descartou participar dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. A brasileira, 25 anos, irá deixar Pequim sem subir ao pódio. Ela foi apenas sexta colocada na decisão do solo, neste domingo.
"Vou seguir competindo porque sou a primeira do ranking, mas não vou para Londres. Quero terminar a faculdade. Parece até que estou estudando medicina. Já faz seis anos que estou na faculdade. Eu tenho que estudar. Eu quero continuar treinando, mas a dedicação para uma Olimpíada vocês que estão de fora não vêem, mas é muito grande. Por que os atletas choram quando perdem ou ganham? É um desabafo, porque é muito difícil treinar quatro, oito anos para às vezes a coisa não acontecer do jeito que você quer", comentou.
Ao pisar fora do tablado por duas vezes, a brasileira tirou a nota 14,975 e lementou o erro que ocasiounou o resultado negativo. "Infelizmente errei ali. Acontece com todo mundo, mas eu sabia que medalha era muito, muito difícil", explicou.
Mesmo entrando para a história da ginástica brasileira, ao ajudar a classificar o País para a inédita final por equipes, além de outras finais individuais, Daiane não conseguiu esconder a decepção de o Brasil ficar sem nenhuma medalha no esporte.
"A gente chegou na final por equipes, teve mais atletas nas finais. Agora é continuar treinando e seguir em frente. A sementinha está brotando, está crescendo. Você vê evolução nas meninas novas que chegaram, Jade e Ana Cláudia", afirmou.
"Foi uma decepção para nós. Queríamos sair daqui com pelo menos com uma medalha. A do Diego era praticamente certa, mas acontece. Espero que ele tenha gana para continuar treinando firme porque ele tem condições de seguir ganhando no solo, de ir para Londres e ganhar uma medalha. Tanto ele como a Jade", completou.
sábado, 16 de agosto de 2008
Por vaga na final, Brasil e Argentina farão segundo confronto em Olimpíadas
Seleção brasileira venceu em 1988. Jogo de terça pode servir de revanche para os hermanos, que perderam três finais seguidas para o maior rival
A semifinal de terça-feira vai ser o segundo confronto entre Brasil e Argentina em Jogos Olímpicos. A partida marcará também o primeiro encontro entre Ronaldinho Gaúcho e Messi em lados rivais, desde que o novo camisa 80 do Milan saiu do Barcelona, e terá sabor de revanche para os hermanos, que perderam as duas últimas edições da Copa América e a Copa das Confederações de 2005 para seu maior rival na decisão.
Neste sábado, Brasil e Argentina precisaram de 120 minutos para passar das quartas-de-final das Olimpíadas de Pequim. Com dois gols na prorrogação, o Brasil venceu Camarões por 2 a 0, em Shenyang. Em Pequim, a Argentina bateu a Holanda por 2 a 1, após 1 a 1 nos primeiros 90 minutos. A semifinal será disputada na terça, às 10h (de Brasília), em Pequim.
Há 20 anos, na campanha da medalha de prata, a seleção treinada por Carlos Alberto Silva venceu a Argentina por 1 a 0, gol de Geovanni, na quarta partida do time em Seul. Jorginho, atual auxiliar técnico de Dunga, esteve em campo. O Brasil jogou com Taffarel, Luiz Carlos Winck, Aloísio, André Cruz e Jorginho; Ademir, Andrade e Geovani; Milton (Careca), Bebeto e Romário.
Após bater os hermanos, a equipe brasileira disputou a semifinal com a Alemanha, empatou em 1 a 1 e venceu nos pênaltis por 3 a 2, com show de Taffarel. Depois, Romário e cia. perderam a decisão para a União Soviética, por 2 a 1, e levaram a prata para casa.
Agora, o clássico sul-americano vale lugar na final. Pelo retrospecto recente, a torcida brasileira pode ficar mais confiante. Nas últimas três decisões contra a Argentina, o Brasil venceu as três: Copa América de 2004, Copa das Confederações de 2005 e Copa América de 2007.
O jogo colocará ainda frente a frente os dois principais nomes do futebol nas Olimpíadas: Ronaldinho e Messi. Amigos íntimos no Barcelona, os dois chegaram à China com a responsabilidade de levar seus países ao ouro. Dispensado pelo Barca, o camisa 10 brasileiro tem em Pequim a chance de mostrar que está recuperado. Já o jovem craque argentino espera provar que está pronto para assumir o papel de protagonista do futebol mundial.
Atleta mais experiente do time de Dunga, o capitão Ronaldinho brilhou intensamente na goleada de 5 a 0 sobre a Nova Zelândia. Nas outras partidas, apareceu menos, mas liderou a equipe em campo.
Messi tem se destacado pela Argentina. Riquelme e Agüero não estão bem, e o camisa 15 foi decisivo na vitória sobre a Holanda nas quartas-de-final, com um gol e passe para o outro.
Na terça-feira, será o tira-teima entre os maiores rivais do futebol sul-americano. Brasil ou Argentina? Ronaldinho ou Messi? Façam suas apostas.
César Cielo é ouro nos 50m livre e faz história na piscina do Cubo d'Água
Brasileiro conquista a primeira medalha dourada do país na natação
César Cielo Filho, touca cinza e óculos nas mãos, esperava na sala de aquecimento quando aquele sujeito de tronco desproporcional veio caminhando na sua direção de agasalho e medalha no peito.
- Tá vendo isso aqui? - disse Michael Phelps - Foi por um centésimo.
“Isso aqui”, no caso, era a medalha de ouro, a sétima de Phelps em Pequim, 13ª da carreira olímpica do fenômeno americano. Exatamente 13 medalhas de ouro a mais do que o Brasil tinha em 68 anos de natação nos Jogos.
César Cielo chegou à raia quatro com o peso de um país nas costas. O maiô grudadíssimo no corpo, o nervosismo diluído em tapas. O muito doido Césão ganharia ou perderia em frações. Os outros nadadores, todos, tocaram na água da piscina. Ele não. Estava absolutamente concentrado.
- Você pode ganhar por um centésimo. Ou perder por um centésimo - disse Michael Phelps.
O Brasil é capaz de comemorar décimos lugares, de beijar com ênfase medalhas de bronze. E não é por acaso. Entre o Oiapoque e o Chuí, ouro é minério olímpico escasso. Até ontem eram apenas 17 as medalhas douradas em verde-e-amarelo - desde a primeira, conquistada por Guilherme Paraense no tiro, em 1932. A número 18 estava por vir. Rápido. Muito rápido.
Foram 34 braçadas. Nenhuma respiração. Nos primeiros metros, Cielo pareceu estar atrás dos franceses Alain Bernard e Amaury Leveaux. No meio da prova, na eternidade daqueles dez segundos iniciais, era impossível dizer quem liderava. Seria Eamon Sullivan, o recordista mundial australiano? Ou o sul-africano Roland Schoeman?
Aquele mar de potentes braçadas e pernas batendo... misturava espuma e angústia. Nas arquibancadas, CÉSÃO se angustiava. CÉSÃO era, na verdade, uma fila de cinco pessoas formando um acróstico humano e elétrico. O “C”, ou César Cielo pai abraçava o “E”, Flávia, mãe, que balbuciava.
- Vai, vai...
O S (Raísa, amiga da família), o à (Matheus, outro amigo) e o O, a irmã Fernanda... se comprimiam. Os últimos metros estavam ali da piscina, logo à frente do CÉSÃO humano. A uns doze metros do fim, Cielo botou um braço na frente. A câmera subaquática captou num ângulo fugaz os dentes dentro de sua imensa boca aberta. Foi como se mostrasse o apetite olímpico do país inteiro.
Cielo estava realmente na frente. A fração de liderança empurrou o berro de torcedores, locutores, tantas gargantas país afora. Faltavam dois metros, um. Veio a trigésima-quarta braçada. Cielo bateu. Uma fração curtíssima precedeu a confirmação eletrônica. O Brasil era campeão olímpico numa piscina. Pela primeira vez.
Parecia improvável. Cielo arregalou os olhos dentro dos óculos e olhou para o placar. Viu o número 1 ao lado de seu nome. Vinte e um segundos e trinta centésimos - novo recorde olímpico. Em segundo lugar chegou Leveaux, quinze centésimos atrás (21s45). Em terceiro, Bernard (21s49). O oitavo colocado, o sueco Stefan Nystrand, cravou 21s72, 42 centésimos atrás de Cielo, menos de meio segundo, um piscar de olhos.
Brasil mostra que ainda tem poder de reação, vence a Polônia e se classifica
Seleção brasileira masculina de vôlei dá a volta por cima após a derrota para a Rússia e chega às quartas-de-final dos Jogos Olímpicos de Pequim
Pressionado nos Jogos Olímpicos de Pequim após a derrota para a Rússia, o Brasil mostrou que continua forte e ainda consegue se superar nas adversidades. Tendo o seu poder de reação colocado à prova, a seleção brasileira respondeu bem à pressão e conseguiu um importante resultado sobre a Polônia, a vitória da classificação às quartas-de-final. Diante do, até então, líder invicto do Grupo B, os brasileiros, que contaram com o retorno do capitão Giba, aplicaram 3 sets a 0, com parciais de 30/28, 25/19 e 25/19.
O triunfo aponta que nada mudou na equipe. Derrotas sempre acontecem, e que na seleção de vôlei não é diferente. Desde o início da “Era Bernardinho”, que começou em 2001, perder um jogo durante a fase de classificação se tornou um hábito na seleção brasileira. Os três principais títulos do Brasil nos últimos anos, os Mundiais de 2002 e 2006 e os Jogos Olímpicos de Atenas 2004, aconteceram após derrotas na primeira fase.
No Japão, no Mundial de 2006, a França superou a seleção brasileira por 3 a 1. Considerado como um ‘tapa na cara’ pelos jogadores, o Brasil exterminou os adversários que encontrou no caminho e subiu no lugar mais alto do pódio. Antes, porém, tanto no Mundial de 2002, realizado na Argentina, quanto nas Olimpíadas da Grécia, os algozes da seleção brasileira foram os Estados Unidos. Assim como em 2006, após as derrotas, o Brasil embalou e triunfou no fim. Que a história se repita em Pequim.
Início truncado entre Brasil e Polônia
O jogo começou tenso. Os três primeiros pontos do Brasil foram de erros de saque da Polônia. A seleção não marcou. Mas, ao mesmo tempo que os poloneses favoreciam os brasileiros, eles pontuavam em ataques: 3 a 3. Marcelinho apostou em Dante no fundo para sair na frente. O ponteiro acertou, mas errou na seqüência, deixando 6 a 4 no placar. Buscando uma nova opção, o levantador brasileiro puxou André Nascimento na saída. Por ali insistiu bastante, permitindo que o bloqueio adversário marcasse a jogada. O central Gustavo foi uma boa escolha antes do primeiro tempo técnico obrigatório. Fez o sétimo ponto, mas não impediu que a Polônia ficasse na frente.
No retorno à quadra, o saque polonês resolveu entrar forte. O passe brasileiro se viu em apuros, principalmente com Dante. O capitão Giba, de volta à seleção após ter sido poupado em outros jogos por estar com dores no ombro direito, chamou a responsabilidade. Junto com Gustavo, fez um bloqueio e igualou o jogo em 13 a 13. O Brasil só conseguiu passar à frente no 17º ponto, quando André Nascimento cravou em um contra-ataque. O bloqueio brasileiro, que até o momento pouco fazia, começou a amortecer o ataque rival, o que facilitou o contra-ataque. O técnico da Polônia, o argentino Raul Lozano, sentiu o bom momento do Brasil e pediu tempo.
A parada esfriou os brasileiros. André Heller foi bloqueado e, desconcentrado, Dante pisou na linha no ataque de fundo. Foi a vez de Bernardinho parar o jogo. A Polônia conseguiu retomar a liderança forçando o saque em Dante, que errou dois passes. Novamente, o técnico brasileiro pediu tempo. O bloqueio do Brasil voltou a funcionar, e um erro da Polônia igualou a partida em 23 a 23. Uma bola de xeque de Gustavo pôs o Brasil na frente. Foi quando começaram as trocas de set point, que só pararam quando Dante, pelo fundo, fechou em 30 a 28.
Provocação para 'atiçar' o capitão
Um Brasil muito mais centrado entrou em quadra no segundo set. Diferente do período anterior, a Polônia não teve chance de ficar à frente do placar. Dante deu lugar a Murilo, que equilibrou mais o passe. Assim, a seleção teve mais calma para rodar. Marcelinho, com a bola na mão, teve como distribuir as bolas, tirando o ataque da parede polonesa. Um bloqueio de Gustavo ampliou a vantagem para três pontos: 10 a 7. A diferença se manteve. Com 20 a 17. Giba se estranhou com Wlazly na rede. Os dois se encararam e o capitão deu uma risada irônica. Em seguida, um ace arrancou uma gargalhada. Foi quando a confiança se reinstalou e a seleção fechou em 25 a 19.
O terceiro set foi uma perfeita continuação do segundo. Embalado e mostrando muita vibração, sensação que tinha se apagado em certos momentos nos últimos jogos, o Brasil liderou de ponta a ponta. Murilo foi essencial para o passe, tanto que Dante não voltou mais. Giba continuou como um gigante, crescendo da linha de 3 metros e fugindo do bloqueio polonês. As provocações continuaram. O capitão seguia encarando Wlazly, mas quem levou a melhor foi o brasileiro. Gustavo ajudou no meio-de-rede, André Nascimento fez seu melhor set na saída, Serginho foi fundamental para os contra-ataques e, com um grupo unido, o Brasil finalizou em 25 a 19.
Oito anos depois, Brasil dá o troco em Camarões e avança às semifinais
Seleção brasileira vence por 2 a 0, na prorrogação, e pegará o vencedor de Argentina e Holanda na próxima fase da competição
Oito anos depois de perder para Camarões em Sydney 2000, a seleção brasileira conseguiu a sua vingança. Neste sábado, o time de Dunga venceu por 2 a 0, na prorrogação, e avançou para as semifinais do torneio de futebol masculino das Olimpíadas de Pequim. Na próxima fase, o Brasil irá enfrentar o vencedor do confronto entre Argentina e Holanda.
A vitória tem um gostinho especial para Ronaldinho Gaúcho, já que o meia fez parte da seleção que perdeu há oito anos. Destaque também para a ausência de Alexandre Pato. Titular do time em toda a primeira fase, ele ficou no banco de reservas e sequer entrou no decorrer da partida.
Quem acordou cedo para acompanhar a partida não precisou de muito tempo para perceber que algo de curioso estava acontecendo. Os jogadores de Camarões corriam tanto que pareciam ser mais do que 11 em campo. Eles estavam em todos os lugares, mesmo com o forte calor que castigava Shenyang.
Pela primeira vez no torneio de futebol masculino destas Olimpíadas a seleção brasileira tinha pela frente um adversário de respeito. Sim, porque a Bélgica, rival da estréia, deixou o seu poder de fogo no passado, apesar de ter se classificado para as semifinais. E o que dizer de Nova Zelândia e China?
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Tradutora causa transtorno em entrevista de Marta
Uma tradutora roubou a cena na entrevista concedida pela meia-atacante Marta após a vitória do Brasil sobre a Noruega, por 2 a 1, nesta sexta-feira, em Tianjin. Na teoria, a intérprete estava presente na conferência de imprensa para traduzir as indagações dos jornalistas e a resposta da jogadora em português para o chinês, porém na prática o que se viu foi uma sessão de erros que deixou até a atleta meio constrangida.
Na primeira pergunta feita, um repórter questionou se Marta acreditava que estava sendo muito visada pelas defensoras rivais pelo fato de ser eleita a melhor jogadora do mundo pela Fifa por duas vezes. A atacante respondeu de forma bem clara e totalmente compreensível para os jornalistas brasileiros e para quem entende a língua portuguesa.
"A marcação está mesmo mais forte em mim. Quando alguém se destaca é normal que seja mais visada. Mas vejo o lado bom nisso. Com mais marcação em cima de mim, as outras jogadoras da Seleção ficam livres para chegar bem e marcar gols".
Na hora de passar a afirmação do português para o chinês e do chinês para o inglês, em uma espécie de "telefone sem-fio" veio a surpresa. Os intérpretes responsáveis pela conferência falaram uma resposta totalmente diferente do que havia sido dito pela jogadora.
"Eu não acho que sou a melhor atacante do mundo. Estou aqui apenas para fazer meu trabalho e ajudar meu time. Sem o suporte das minhas colegas de equipe eu nunca conseguiria marcar qualquer gol e portanto não tem razão para dizer que sou a melhor atacante do mundo", traduziram os dois intérpretes para total estranhamento de Marta, que compreende um pouco de inglês.
Na pergunta seguinte, a questão foi sobre a Alemanha, próxima adversária do Brasil nos Jogos Olímpicos. Marta respondeu que considerava o jogo muito difícil, mas que na última partida entre os dois times, na primeira fase da competição, a equipe já mostrou que pode jogar de igual para igual com as européias.
A tradução mais uma vez trouxe afirmações que a jogadora não fez. "Será um jogo muito difícil. A equipe alemã é melhor fisicamente que a nossa, mas podemos vencê-las". A resposta mais uma vez causou estranheza para a jogadora.
Com um ar de constrangimento, a intérprete passou a não traduzir mais as perguntas feitas pelos jornalistas brasileiros e nem as respostas da atacante. O fato causou irritação nos membros da imprensa estrangeira presentes, que passaram a gritar: "tradução, tradução".
Para evitar uma situação ainda mais chata, o mestre de cerimônias encerrou a conferência de imprensa após alguns minutos. O clima era de total descontentamento com o que havia acontecido.
O estrago feito pela tradutora não ficou apenas dentro do Tianjin Olympic Center Stadium. Horas depois da partida, o site da Fifa, entidade máxima do futebol, publicou a declaração da atleta dizendo que não se considerava a melhor atacante do mundo com base no que foi dito pelos intérpretes.
Pequim vê novas marcas de Phelps e primeiros casos de doping
No sétimo dia de Olimpíada em Pequim, o público chinês e a imprensa, local ou internacional, viu duas certezas se confirmarem na disputa dos Jogos. Enquanto o nadador norte-americano Michael Phelps conquistou o sexto ouro nas piscinas, com seis recordes mundiais, paralelamente, os chineses viram o Comitê Olímpico Internacional (COI) informar o pior, os dois primeiros casos de doping no evento na Ásia.
Nesta sexta-feira, foi a vez de Phelps conquistar os 200 metros medley. Com o tempo de 1min54s23, o astro conseguiu ainda seu sexto recorde mundial nesta edição dos Jogos - quatro individuais e dois em revezamentos.
Mais do que ser o maior campeão olímpico da história - feito já conquistado em Pequim -, Phelps quer se tornar o recordista em uma única edição dos Jogos. Por enquanto, a marca pertence ao norte-americano Mark Spitz, que levou sete medalhas de ouro na Olimpíada de Munique, realizada em 1972.
A confiança em um sucesso é tão certeira que o norte-americano tem justamente mais duas provas para disputar, limite para quebrar o recorde de 36 anos de Spitz. O nadador voltará à piscina do Cubo D'Água para os 100 m borboleta e para o revezamento 4x100 m medley.
Em Pequim, além dos 200 m medley, Phelps foi ouro no revezamento 4x200 m livre, 400 m medley, 200 m livre, 200 m borboleta e revezamento 4x100 m livre. Em todas as provas, o nadador cravou novos recordes mundiais. Aos 23 anos, já são 26 recordes mundiais estabelecidos.
Sucesso que assusta, entusiasma e gera dúvidas. O COI minimizou as conquistas do astro na mídia em Pequim, não por sua vontade, mas por dois flagras por doping detectados. O norte-coreano Kim Jong Su e a ginasta vietnamita Thi Ngan Thuong Do foram expulsos dos Jogos pelo fato de seus exames terem dado positivo.
Kim Jong Su perdeu as duas medalhas que obtivera em Pequim no tiro: a prata na pistola 50 metros e o bronze na pistola de ar 10 metros. Com a perda da prata de Su, o chinês Tan Zhongliang ficou com o segundo lugar na prova e o bronze foi para o russo Vladimir Isakov. Já na pistola de ar 10 m, a terceira posição perdida pelo norte-coreano acabou com Jason Turner, dos Estados Unidos.
A própria entidade se dizia pronta para informar casos de doping. O belga Jacques Rogge, presidente do COI, antecipara pouco após a cerimônia de abertura que o "doping para o esporte é como o crime para a sociedade". O problema é que os chineses esperavam por uma "Olimpíada limpa". Muito, visto que a própria entidade máxima do esporte mundial falava entre 30 e 40 casos confirmados.
Em Atenas 2004 foram realizados 3.300 testes para 26 flagras. O número de testes aumentou para 4,5 mil na China, sendo que 2,2 mil já foram realizados, cumprindo em parte o número sonhado pelo Comitê Organizador dos Jogos (Bocog, sigla em inglês).
Kim testou positivo para o betabloqueador propranolol, segundo o COI. Betabloqueadores são usados para diminuir o ritmo cardíaco, de forma que seja possível atirar, sem tremer, no intervalo dos batimentos. É usado em tiro e tiro com arco. O norte-coreano foi submetido a exames nos dias 9 e 12 de agosto, nas finais, por ter sido medalhista.
Já a ginasta vietnamita Thi Ngan Thuong Do, também fora da Olimpíada, deu positivo para furosemida, diurético que serve para mascarar outras drogas. A atleta ficou na 59ª posição no individual geral e já tinha entrado para a história como a primeira atleta na história dos Jogos a representar o Vietnã na ginástica artística.
Alheio aos problemas e antes que surja desconfianças sobre seu nome, Phelps trata de enfatizar que não precisa do doping para tornar seu nome o mais vitorioso da história das Olimpíadas.
"Podem dizer o que quiserem. Eu falo por mim. Eu estou limpo. Já me propus à Wada (Agência Mundial Antidoping, em português) para fazer mais testes. As pessoas podem questionar o que quiserem, mas fatos são fatos. E eu tenho os resultados para provar isso", concluiu o norte-americano.
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