sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Pequim vê novas marcas de Phelps e primeiros casos de doping


No sétimo dia de Olimpíada em Pequim, o público chinês e a imprensa, local ou internacional, viu duas certezas se confirmarem na disputa dos Jogos. Enquanto o nadador norte-americano Michael Phelps conquistou o sexto ouro nas piscinas, com seis recordes mundiais, paralelamente, os chineses viram o Comitê Olímpico Internacional (COI) informar o pior, os dois primeiros casos de doping no evento na Ásia.

Nesta sexta-feira, foi a vez de Phelps conquistar os 200 metros medley. Com o tempo de 1min54s23, o astro conseguiu ainda seu sexto recorde mundial nesta edição dos Jogos - quatro individuais e dois em revezamentos.

Mais do que ser o maior campeão olímpico da história - feito já conquistado em Pequim -, Phelps quer se tornar o recordista em uma única edição dos Jogos. Por enquanto, a marca pertence ao norte-americano Mark Spitz, que levou sete medalhas de ouro na Olimpíada de Munique, realizada em 1972.

A confiança em um sucesso é tão certeira que o norte-americano tem justamente mais duas provas para disputar, limite para quebrar o recorde de 36 anos de Spitz. O nadador voltará à piscina do Cubo D'Água para os 100 m borboleta e para o revezamento 4x100 m medley.

Em Pequim, além dos 200 m medley, Phelps foi ouro no revezamento 4x200 m livre, 400 m medley, 200 m livre, 200 m borboleta e revezamento 4x100 m livre. Em todas as provas, o nadador cravou novos recordes mundiais. Aos 23 anos, já são 26 recordes mundiais estabelecidos.

Sucesso que assusta, entusiasma e gera dúvidas. O COI minimizou as conquistas do astro na mídia em Pequim, não por sua vontade, mas por dois flagras por doping detectados. O norte-coreano Kim Jong Su e a ginasta vietnamita Thi Ngan Thuong Do foram expulsos dos Jogos pelo fato de seus exames terem dado positivo.

Kim Jong Su perdeu as duas medalhas que obtivera em Pequim no tiro: a prata na pistola 50 metros e o bronze na pistola de ar 10 metros. Com a perda da prata de Su, o chinês Tan Zhongliang ficou com o segundo lugar na prova e o bronze foi para o russo Vladimir Isakov. Já na pistola de ar 10 m, a terceira posição perdida pelo norte-coreano acabou com Jason Turner, dos Estados Unidos.

A própria entidade se dizia pronta para informar casos de doping. O belga Jacques Rogge, presidente do COI, antecipara pouco após a cerimônia de abertura que o "doping para o esporte é como o crime para a sociedade". O problema é que os chineses esperavam por uma "Olimpíada limpa". Muito, visto que a própria entidade máxima do esporte mundial falava entre 30 e 40 casos confirmados.

Em Atenas 2004 foram realizados 3.300 testes para 26 flagras. O número de testes aumentou para 4,5 mil na China, sendo que 2,2 mil já foram realizados, cumprindo em parte o número sonhado pelo Comitê Organizador dos Jogos (Bocog, sigla em inglês).

Kim testou positivo para o betabloqueador propranolol, segundo o COI. Betabloqueadores são usados para diminuir o ritmo cardíaco, de forma que seja possível atirar, sem tremer, no intervalo dos batimentos. É usado em tiro e tiro com arco. O norte-coreano foi submetido a exames nos dias 9 e 12 de agosto, nas finais, por ter sido medalhista.

Já a ginasta vietnamita Thi Ngan Thuong Do, também fora da Olimpíada, deu positivo para furosemida, diurético que serve para mascarar outras drogas. A atleta ficou na 59ª posição no individual geral e já tinha entrado para a história como a primeira atleta na história dos Jogos a representar o Vietnã na ginástica artística.

Alheio aos problemas e antes que surja desconfianças sobre seu nome, Phelps trata de enfatizar que não precisa do doping para tornar seu nome o mais vitorioso da história das Olimpíadas.

"Podem dizer o que quiserem. Eu falo por mim. Eu estou limpo. Já me propus à Wada (Agência Mundial Antidoping, em português) para fazer mais testes. As pessoas podem questionar o que quiserem, mas fatos são fatos. E eu tenho os resultados para provar isso", concluiu o norte-americano.

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