quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Zé Roberto: 'Era uma situação engasgada'


Técnico diz que era ironizado por causa da derrota para a Rússia em 2004

Sem pulos ou gritos emocionados, José Roberto Guimarães comemorou com certa discrição a vitória que levou o Brasil à final olímpica do vôlei contra os Estados Unidos. Quatro anos depois de ter comandado o grupo que parou na semifinal contra a Rússia após estar muito perto da vitória, ele desabafou e mostrou alívio.

- Era uma situação muito engasgada durante todos esses anos. Não só por esse grupo ou pelo grupo de 2004, mas por todo o voleibol brasileiro, que nunca havia chegado a uma final. A gente conseguiu. Foi o primeiro passo para quebrar algumas escritas. Agora a gente está com chances de brigar pelo ouro - disse.

O técnico diz que a derrota quando o time perdia no quarto set por 24 a 19 fez ele ser ironizado por alguns meses em jogos da Superliga.


- Muitas vezes eu chegava no ginásio e via as pessoas carregando placas 24-19. A gente ia jogar lá no Minas, por exemplo, e faziam isso. Cansamos de ouvir essas coisas - diz.

O treinador diz que não perdeu o sono pensando na hipótese de perder outra vez na semifinal e ouvir críticas sobre a falta de competência na hora da decisão. Conta que ficou estudando vídeos das chinesas até 1h e depois caiu em um sono pesado.


- Juro pela minha santa mãe que eu não pensei nisso. Eu estava tão tranqüilo, sabendo que ia dar, e que a gente merecia. Eu estava assim: 'A gente merece, a gente vai ganhar' - diz.


Zé Roberto diz que o grupo aprendeu com as derrotas, principalmente com a da decisão do Pan do ano passado, para Cuba.

- Aquela foi uma derrota que marcou muito. A gente estava jogando no Rio, com chance de fechar. Foi uma das mais sofridas que nós tivemos. Mas causou amadurecimento. Essas derrotas que a gente teve dessa maneira em que esteve para fechar e a bola não cai, fazem o grupo aprender muito. Elas estão - diz.

Cauteloso, o técnico brasileiro nem comenta a possibilidade de ser o primeiro técnico a conquistar os títulos olímpicos no masculino e no feminino.

- Não quero nem pensar nisso agora. Se eu falo alguma coisa, depois vou ter de explicar porque não consegui. Vamos ganhar primeiro. Quando estávamos treinando nos Estados Unidos, fui jantar com o Doug Beal (ex-técnico dos EUA) e ele me perguntou assustado: 'Por que você foi para o feminino'. Ele me chamou de louco. Respondi que é o meu grande desafio. Todo mundo sabe que ser técnico de homens é muito mais tranquilo. Ele mesmo não conseguiria - diz.

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