sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Grandiosidade e superstição marcam abertura de Pequim-2008


Cerimônia de abertura da 26ª Olimpíada da Era Moderna deverá ter a maior audiência da história da televisão

PEQUIM (China) - Oito de agosto (mês oito) de 2008, 20h08 pelo horário chinês (9h08 de Brasília). Cerca de 4 bilhões de pessoas deverão estar, neste momento, com os olhos nas imagens que TVs do mundo inteiro mostrarão do Estádio Nacional ("Ninho de Pássaro"), onde acontece a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. Registrar a maior audiência da história da TV não é o único recorde que a China pretende bater com o imenso evento, sob o estigma do número oito, que representa a prosperidade na cultura local.

Será a festa mais cara que uma Olimpíada já teve: US$ 100 milhões (R$ 160 milhões) é o orçamento estimado, o dobro do gasto em Atenas-2004. Nada surpreeendente para o país mais populoso do mundo (1,3 bilhão de pessoas), que busca chegar ao topo do quadro de medalhas nos Jogos com o maior número de nações participantes (204), no dia 24 - na Grécia, os chineses encostaram nos líderes norte-americanos na tabela de condecorações.

No Estádio Nacional, 91 mil espectadores verão um retrato da modernidade chinesa e presenciarão o momento em que desconhecidos países como Guam, Ilhas Marshall e Palau ganharão a atenção do planeta por alguns segundos, ao lado dos atletas e membros de delegações que participam dos Jogos. O Brasil será a 39ª nação a entrar no Ninho de Pássaro, de acordo com a ordem de nomes estabelecidas pelo alfabeto chinês. A honra de carregar a bandeira brasileira caberá ao bicampeão olímpico Robert Scheidt, do iatismo.

O estandarte chinês ficará, pela segunda vez seguida, a cargo de Yao Ming, uma das estrelas do basquete da NBA. Como o pivô de 2,29m já participou do revezamento da tocha olímpica, assim como o astronauta chinês Yang Liwei, persiste o mistério sobre quem acenderá a pira que simboliza a Olimpíada, um dos segredos cuidadosamente mantidos pela organização. Cautela também não falta quando o assunto é segurança: 9 mil militares estarão no Estádio e aproximadamente 100 mil policiais e soldados se posicionarão nos arredores, em um esquema que envolve inclusive barreiras antimísseis.

Se possíveis ameaças terroristas devem estar sob controle, não se pode falar o mesmo de outros dois quesitos que preocupam os chineses: protestos políticos - os atletas podem ser punidos pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), mas não se pode dizer o mesmo dos espectadores - e uma provável chuva, contra a qual a técnica de bombardear nitrato de prata nas nuvens de locais próximos pode ser uma solução.

O cineasta Zhang Yimou, diretor de filmes como 'Lanternas Vermelhas' e 'O Clã das Adagas Voadoras', foi o encarregado de condensar 5 mil anos de história chinesa em um só espetáculo de cerca de três horas e meia. Mas o show está longe de acabar por aí: oito horas depois, começam as competições.

Veja algumas curiosidades da cerimônia de abertura:

* Números:


- 14.000 artistas subirão ao palco


- 15.153 diferentes tipos de vestidos serão utilizados


- 56 crianças ficarão ao redor da bandeira chinesa, representando as etnias do país


- 48 horas foi o tempo total de ensaio dos artistas, em 13 meses de preparação


- 11.456 fogos de artifícios serão lançados do lado de fora do estádio, numa operação que envolverá 600 pessoas


- 44.000 lâmpadas serão utilizadas somente no solo


- 516 amplificadores farão parte do sistema de som


- 400 toneladas pesa a plataforma central; o equipamento de iluminação, 300


- 24 telões instalados serão em Pequim e seus arredores para acompanhar a festa

* Entre os chefes de Estado confirmados na cerimônia, estão Luiz Inácio Lula da Silva, George W. Bush, o presidente francês Nicolas Sarkozy, o primeiro-ministro e ex-presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o príncipe Felipe de Bourbon, herdeiro do trono espanhol.



* O primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi não irá à festa porque "na China faz muito calor", segundo declarou. O ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini, e o subsecretário para o Esporte, Rocco Crimi, representarão a Itália.

* Como em Atenas, o tenista Roger Federer será o porta-bandeira da delegação suíça, exatamente no dia em que completa 27 anos. Prestes a disputar sua quinta Olimpíada, o nadador Mark Foster será o porta-bandeira do Reino Unido (Inglaterra). Pela Argentina, a distinção caberá ao jogador de basquete Emanuel Ginóbili.

*A recordista mundial do salto com vara Yelena Isinbayeva recusou o posto de porta-bandeira da Rússia, que será ocupado por Andrei Kirilenko, que joga na NBA.

*Num possível constrangimento a China e Sudão, os atletas dos Estados Unidos escolheram o ex-refugiado sudanês Lopez Lomong, hoje naturalizado norte-americano, como porta-bandeira. Lomong foi vítima de milícias árabes patrocinadas pelo governo e aos seis anos, em 1991, teve de fugir do sul do Sudão. A China vende armas para o Sudão e investe no setor petrolífero do país.

*A mesatenista Zeina Shaban, de 20 anos, não teve concorrentes para levar a bandeira da Jordânia. Ela é a única atleta do país nos Jogos.

*Coréia do Norte e Coréia do Sul não desfilarão juntas, como fizeram em Sydney-2000 e Atenas. As relações dos dois países envolvidos na Guerra da Coréia (1950-1953) se deterioraram nos últimos meses com a posse do novo presidente sul-coreano, Lee Myung-Bak, em fevereiro, e a morte de uma turista sul-coreana baleada por um soldado norte-coreano em 11 de julho.

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